Olavo Alves encabeça a até então lista única – as candidaturas estão abertas até as 18 horas desta sexta-feira – às primeiras eleições em 40 anos da criação do Estoril de Monte Sossego, marcadas para este domingo, 16. Organizar o clube, conferir mais transparência à sua gestão, realizar assembleias gerais periódicas para dar a conhecer os processos aos sócios são algumas das razões que levam um grupo de sócios a assumir os novos corpos gerentes do Estoril.
Em entrevista ao Mindelinsite, Olavo Alves conta que decidiu dar este passo à frente re renovar a direção para o Estoril Futebol Clube de Monte Sossego, tendo em conta a falta de organização e de transparência reinante. A estes junta ainda a não realização, em tempo útil, de uma assembleia-geral do clube. “Para se ter uma ideia, a primeira AG do Estoril em 13 anos foi no último domingo. E foi uma luta. Tive de recolher as assinaturas dos sócios para que fosse possível realizar esta reunião. Estamos a falar de uma equipa com história e com 40 anos de existência. Acredito que se o clube estiver organizado, Monte Sossego e S. Vicente sem a ganhar porque o Estoril já formou muita boa gente”, defende.
Olavo se autointitula um bom exemplo de formação pessoal e profissional a passar por este clube. “Fui jogador, treinador e sou formado em Filosofia. Fiz a minha licenciatura no Porto e, depois do meu regresso à Cabo Verde, leccionei durante nove anos em Santo Antão, antes de ser docente também em São Vicente. O Estoril passou-me valores importantes como respeito e disciplina, que infelizmente têm estado a perder na nossa zona, Monte Sossego. São estes valores que espero resgatar”, sublinha este candidato, que lamenta a perda de protagonismo do clube nos últimos anos.
“O Estoril era mais falado porque fazia muitas atividades sociais, sobretudo para as crianças e os velhos de Monte Sossego. Éramos um clube ativo, que perdeu protagonismo porque muitas pessoas que entraram para a direção afastaram-se ao perceberem as exigências em termos de trabalho. Ficaram duas ou três pessoas que, ao invés de tentarem aproximar e envolver os sócios, optaram por fazer tudo sozinhos. Não dão espaço, sobretudo para os jovens. E, com isso, o clube foi ficando para trás.”
Relativamente ao seu projeto de candidatura, Olavo Alves explica que a sua aposta é sobretudo na formação de equipas nos diferentes escalões, mas também a nível da educação. Este tem ainda um projecto para criar uma escolinha de futebol, incluindo também a vertente pedagógica, sendo que para isso já contatou alguns professores para tentar fazer um trabalho em termos de explicação. “Neste momento, a sede do Estoril fica no Polivalente de Monte Sossegue, que é uma infraestrutura da Câmara. Esta é outra questão que queremos esclarecer porque não sabemos qual é o poder de gestão do clube”, pontua o candidato que nasceu em cresceu na rua Faroeste em Monte Sossego e diz querer mais e melhor para o seu clube, Estoril, para a zona e para a ilha de São Vicente.
Novo fôlego
Para o presidente-cessante, este processo de renovação pode trazer um novo fôlego para o clube que preside desde 2014 e que nunca realizou eleições nos seus 40 anos de existência. “Esta é a primeira vez na sua história que o Estoril vai eleger os seus novos corpos gerentes. As pessoas eram convidadas para assumir a direção do clube, sempre que as coisas começavam a falhar, até porque o número de sócios era insignificante. O clube só começou a fazer a subscrição de sócios a partir de 2009/10. E neste momento temos 112 sócios”, esclarece José Fortes.
Nos dez anos em que esteve como presidente, José Fortes acredita que contribui para o crescimento e desenvolvimento do clube, conseguiu envolver algumas empresas que contribuíam com donativos em géneros alimentícios, sobretudo para as escalões de formação. “Não tínhamos seniores. Foi em 2016 que filiamos como membro da Associação Regional e passamos a ter votos tanto para dirigentes locais como para a Federação. Em 2019, os Veteranos do Estoril participaram em um torneio em Paris e, em 2022, entramos para a segunda divisão do regional de São Vicente, tendo concluído a época no quarto lugar pela primeira.”
Confrontado com a alegada perda de protagonismo do Estoril, este dirigentes rejeita esta afirmação, argumentando que o clube sempre fez muitas atividades, que entretanto são anunciados apenas na sua páginas nas redes sociais. “Temos feito muita coisa, inclusive este ano em que comemoramos os nossos 40 anos, organizamos um intercambio entre os diferentes escalões de formação do clube e realizamos uma tarde de chá. Ainda dentro do nosso programa, temos previsto a realização de uma feita de saúde e uma gala, que ainda não aconteceram porque estamos a aguardar uma resposta da CMSV.”
Segundo Fortes, desde março enviou uma carta à edilidade mindelense, solicitando a cedência da Académica Jotamont para a realização da gala, mas nunca houve uma resposta. “Por causa disso, adiamos a galar, que deveria acontecer em maio para junho. As atividades comemorativas do nosso 40 aniversario culminariam com um jantar para os sócios, amigos e simpatizantes. Não conseguimos cumprir o programa porque os membros do clube disponíveis eram poucos, inclusive deixamos claro em uma reunião realizada a 18 de setembro do ano transato que, dado ao reduzido número de sócios envolvidos na gestão e nas atividades, era impossível o clube continuar funcionar.”
É que, aos muitos compromissos com os escalões de formação e veteranos, juntou-se recentemente a entrada do clube para a segunda divisão, o que obrigava a que a equipa principal de futebol do Estoril estivesse mais estruturado. “Era preciso que cada membro da direção assumisse e desempenhasse as suas funções para uma melhor organização, o que não tem acontecido de algum tempo para cá. Não havendo vontade dos sócios em aproximar, entendi que era chegado a hora de retirar”, declarou, o presidente-cessante, que diz ter ficado satisfeito com o surgimento de um sócio que manifestou vontade de encabeçar uma lista e avançar para as eleições.
“Esta candidatura é muito benvinda, mas ainda pode aparecer mais listas até às 18 horas de hoje, altura em que o processo será encerrado. A eleição dos novos corpos gerentes acontece este domingo, 16 de julho. A nossa expetativa é de que estas eleições tragam uma nova dinâmica para o clube. Quem vier, acredito que quer o melhor para este clube. Como sócio e ex-jogador, dediquei 39 anos ao Estoril. Entrei um ano depois da sua criação. Quero o melhor para o clube.”
Para além de Olavo Alves, que concorre ao cargo de presidente e os vice-presidentes Bobass, Bochecha e Jon Cabeça, integram esta lista Nancy, Fernando Fonseca e Ondina (Assembleia-Geral), Fernando Fonseca (Director de Comunicação); Chone, Bochecha, Cai d’ Bruzinda, Shirley e Rei (Recreação e Cultura); Jon Cabeça e Ady Patrício (Administração e segurança); Samora e Valdir Martins (Logística física e jurídica); Bobass, Valdir Évora, Mitxona, Bôbó e Fatinha (directores desportivos); Margarete (secretaia-geral) e Fatinha (Secretaria contabilista e financeira).