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Música no desporto: A maioria concorda, mas desde que não “exploda” os ouvidos

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A música é um elixir para quem gosta de malhar o corpo no ginásio ou fazer o seu treino ao ar livre. No fundo é uma espécie de combustível considerado essencial para os apreciadores. No entanto, nem sempre cumpre a tão desejada função, muito por causa do volume, que pode ser mais prejudicial do que positivo. Estudos científicos na Europa e nos Estados Unidos revelam que em muitos espaços desportivos, em particular nos ginásios, o volume atinge decibéis muitas vezes acima do normal, a ponto de perturbar a concentração das pessoas e, pior ainda, afectar a audição.

Uma investigação realizada nos Estados Unidos, que fez medições secretas em quatro ginásios, por exemplo, concluiu que a música usada nas aulas de spinning e fitness atingia níveis em torno dos 100 a 115 decibéis, valores que excedem os limites de segurança auditiva. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível de ruído recomendável para a audição humana é de até 50 decibéis (dB).

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Em S. Vicente, ilha onde a música é a “companheira ideal” para todas as ocasiões, ela é uma constante nos ginásios.  Os instrutores e praticantes são unânimes em destacar o papel que desempenha na qualidade e desempenho desportivo dos atletas. Esta é usada como um “estimulante”, que funciona à base de uma “play list” com ritmos e volumes diferentes para cada modalidade.

Marlon Mota, instrutor de treino, esclarece que a música é fulcral no ambiente desportivo e que influencia diretamente no rendimento dos treinos. No entanto, adverte que deve haver diferença entre o som/ritmo que acompanha um treino cárdio, com um para quem faz musculação. “Devem ser ritmos diferentes e feitos em ambiente separados. O do cárdio é geralmente mais acelerado e faz com que as pessoas acompanhem as batidas. Isso não acontece necessariamente no caso da musculação.”

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Este instrutor realça ainda que há pessoas que levam auriculares para os treinos, de forma a que possam se exercitar com as canções preferidas. Por outro lado, lembra que há também quem reclame do volume tocado dentro dos ginásios. “É difícil chegar a um volume consensual. Há sempre quem peça para se aumentar o volume e quem exija o contrário”, frisa Marlon. Este considera que quem mais reclama do nível do som são pessoas que já passaram dos 40 anos e, por isso, se mostram mais “intolerantes” ao “barulho”.

Música como “combustível”

Para Ivone Mendes, professora de aeróbica, a música na hora do exercício é essencial para despertar a energia em cada pessoa. “Uso a música como instrumento principal para motivar as pessoas na hora dos treinos. Se estás a fazer um treino e tens uma música com bom ritmo, ajuda-te nas repetições, a suportar o cansaço e a ultrapassar os limites”, garante Mendes. 

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O volume da música, para esta profissional do ginásio Gorh, interfere no “clímax”. Na sua opinião, quanto mais forte for, maior envolvimento consegue dos praticantes. Esta adverte, por outro lado, que o volume não precisa estar sempre alta. 

Sintonizada na mesma onda que o colega Marlon, Ivone Mendes também utiliza ritmos diferentes consoante o tipo de treino. “Se estás a fazer um exercício de yoga ou movimentos suaves, de relaxamento, é aconselhável um som mais calmo e mais baixo. Diferente de estares a fazer um treino de alta intensidade. Neste caso, uma música com ritmo e volume mais cadenciados, combina melhor”, admite.

O tipo de música e o volume, de acordo com Ivone Mendes, dependem do gosto de cada pessoa. Da mesma forma, a motivação que vai provocar nos treinos será diferente. Mesmo assim esta personal trainer aconselha os seus alunos a deixarem-se levar pela música.

Uma frequentadora de ginásio, que prefere o anonimato, entende que a música é essencial em todos os ambientes, em particular nos espaços desportivos. Sublinha, no entanto, que há momentos em que o volume alto perturba a sua concentração. “Há momentos em que prefiro um som ambiente para poder relaxar-me e conversar sem ter de gritar”, diz.

“Por vezes saio do ginásio mais estressada do que entrei”

O uso da música como um elemento motivador nos treinos é, no entanto, questionável. Fabrícia Miranda, por exemplo, revela que chegou ao ponto de desistir de treinar devido ao “barulho” da música, aliado aos gritos dos instrutores no ginásio que frequenta. “Concordo que a música seja importante em qualquer ambiente, porém há ginásios onde exageram no volume, o que nos faz retrair. Quando vou a um ginásio quero também relaxar minha mente, mas por vezes saio mais estressada do que entrei”, explica a jovem. 

No seu entender, estes espaços desportivos, que são frequentados por diferentes tipos de pessoas, deveriam fazer um estudo interno para saber a preferência da maioria e não limitar-se em agradar uma pequena fasquia, como admite acontecer. É que, lembra, além do volume da música, é preciso levar em conta a preferência musical dos clientes. Partir do princípio que toda a gente “curte” o mesmo género de música, enfatiza, é um erro.

Sidneia Newton (Estagiária)

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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