Faleceu por volta das 12 horas deste sábado, 23, no Hospital Dr. Baptista de Sousa em São Vicente, o futebolista João do Rosário Neves, mais conhecido por Jôn de Júlia, vítima de um enfarto. Este exímio esquerdino tinha 66 anos de idade – no próximo dia 29 de dezembro completava 67 – e representou durante longos anos o clube Castilho, com breves passagens por Mindelense e Académica do Mindelo. Vai à enterrar amanhã, domingo, às 11 horas.
A morte deste antigo futebolista apanhou de surpresa os amigos e antigos colegas do futebol, mas também do ténis e do oril. É que, segundo dizem, nos últimos dias o seu estado de saúde de Jon d´Júlia melhorou bastante e a sua vida ganhou uma nova dinâmica por conta da viatura eléctrica que recebeu a cerca de três semanas para lhe ajudar nas suas deslocações pela cidade do Mindelo, adquirido por iniciativa de um movimento solidário que conseguiu mobilizar recursos em Cabo Verde e na diáspora.
É o caso, por exemplo, do actual presidente do Castilho, Emanuel Rodrigues, que afirmar terem estado juntos na sexta-feira. “Jôn d´Júlia estava bem, inclusive nos últimos dias passava o dia a passear pela cidade na sua viatura. Voltou a frequentar o Campo de Ténis e também iam jogar o seu oril porque já conseguia se locomover com certa facilidade”, revela este dirigente, acrescentando que, infelizmente, ontem à noite o ex-futebolista sentiu uma dor no peito e foi levado ao hospital pela esposa e filhos.
“Infelizmente, o nosso Jôn d´Júlia não resistiu e hoje, por volta das 12 horas, chegou a notícia do seu funeral. O funeral será amanhã às 11 horas”, pontua Emanuel Rodrigues, que lembra com nostalgia as proezas deste antigo jogador, que vestiu a camisola do Castilho de 1973 até meados da década de 1980, com algumas saídas pelo meio. “Sempre regressava ao Castilho. Uma vez, reforçou o Mindelense numa deslocação à Angola. Também esteve no Académica, mas era do Castilho, inclusive treinou a equipa. A família Castilhana está, por isso, de luto. Foi uma grande perda”, assegura.
Leitura similar faz o presidente do Clube Sportivo Mindelense. Segundo Daniel Jesus, trata-se de uma grande perda para o futebol sanvicentinos e cabo-verdiano como um todo. “O Mindelense chegou a fazer uma digressão para Angola e São Tomé e Príncipe e a equipa reforçou com alguns atletas, caso do Jôn d´Júlia, Armandim, Calú Pitão e Ducha. Foi uma digressão bem-sucedida em que os Encarnados estava a acompanhar uma comitiva do então Presidente da República. É uma página bonita do futebol de São Vicente e de Cabo Verde”, detalha o presidente do Mindelense.
Para Daniel Jesus, foi com grande prazer que Jôn d´Júlia envergou a camisa do Mindelense nesta digressão, conforme o mesmo fez questão de frisar em conversas posteriores. “Jôn d´Júlio sempre se mostrou grato pela oportunidade. Depois fez algumas tentativas para o atleta representa, mas este nunca aceitou porque o seu clube de coração era o Castilho, ainda que tenha chegado a envergar a camisola da Académica”, acrescenta.
Jôn d´Júlia fica conhecido por sua familiaridade com a bola, pelo seu pé esquerdo irrepreensível e também pela dedicação ao Castilho, com passagens pelo Mindelense, Académica e também pela Selecção de São Vicente.