O Atlético encaixou ontem duas pesadas derrotas nos confrontos desportivos com a equipa feminina ABO Sport, do Congo, e a formação masculina Inter Club, de Angola. Nas duas partidas, faltaram argumentos ao clube campeão nacional em termos técnicos, tácticos e físicos. O ACM sofreu vários golos de contra-ataque nos dois jogos e teve dificuldades em obrigar as equipas adversárias a pagar na mesma moeda.
O primeiro desafio colocou no rectângulo a formação feminina, que fez a sua estreia na prova frente à equipa congolesa ABO Sport. Saltou logo à vista a diferença do porte físico entre as jogadoras das duas trincheiras. Mesmo assim, as meninas do Atlético iniciaram a disputa com alguma dose de eficácia. Aos quatro minutos venciam por 3-1. Mas, no minuto seguinte, a equipa adversária equilibrou o placar e passou a assumir o comando. Colocou uma defesa a pressionar a Lindy, na posição de interior esquerdo, e obrigou a central Letícia a fazer penetrações na zona do meio ou a transportar a bola para o lado da esquerdina Jorgiana.
Sem muito peso corporal e capacidade de remate dos nove metros, Letícia sentiu sérias dificuldades em usar a sua técnica para provocar desequilíbrio na defesa contrária. Teve pela frente jogadoras fisicamente possantes e mais experientes que lhe barraram o caminho para a área na maioria dos lances. Por seu turno, Jorgiana assumia a responsabilidade do ataque, tendo conseguido converter alguns golos. Na baliza, a guarda-redes Célia tentava travar os remates isolados das congolesas e acabou por fazer defesas difíceis.
O técnico Aquilino Fortes reconhece que o Atlético entrou com alguma timidez no jogo. “Não sei se por medo da estrutura física das adversárias. Durante o jogo vimos que, afinal, não eram tão fortes tecnicamente, mas tinham a seu favor a velocidade e a força física”, realça o treinador.
No segundo tempo, a equipa técnica do ACM fez algumas adaptações, chamou Ivanilda para a posição central e deu alguns minutos a atiradora Leila, que está a recuperar-se de uma lesão. Nilda imprimiu dinâmica e alguma eficácia no ataque, enquanto Leila executava com eficácia dois remates de longa distância. Mas o resultado já estava feito. A ABO Sport levou para o intervalo uma vantagem de oito golos (16-8) e fechou a partida com o resultado de 38 – 21. O próximo jogo das atléticas é na terça-feira com a Evabuka.
Inter Club domina Atlético
No sector masculino, o Atlético sentiu desde o primeiro minuto que iria defrontar uma equipa superior em todos os quesitos. Ciente da sua superioridade, o Inter Club mostrou cedo qual era o seu objectivo: vencer sem dó nem piedade para conseguir o máximo de golos, que poderão ser úteis no apuramento para a próxima fase. Assim, fechou os flancos e obrigou o Atlético a afunilar o seu ataque na zona central, mesmo ciente do potencial do interior esquerdo Fred, que marcou vários golos de longa distância.
O certo é que o Inter povoou esse sector para fechar caminho à penetração do central Dibanda. Os atléticos caíram nessa artimanha e atacaram praticamente apenas nessa zona e sem deixar a bola circular. Resultado: os jogadores das pontas desapareceram do circuito ofensivo.
O técnico Aquilino Fortes tem a consciência que a sua equipa delimitou o seu ataque ao corredor central. Para ele isso aconteceu porque os pontas foram pressionados para evitar que recebessem a bola. “Como consequência, os jogadores partiam para o ataque sem uma estratégia devidamente estruturada. Ora, os nossos adversários são mais experientes, mais rápidos e fisicamente fortes. Fechavam o caminho para a baliza e, além disso, os árbitros não assinalam falta a qualquer contacto físico. Muitas vezes ficávamos à espera da marcação da falta, mas deixavam o jogo seguir e isso nos surpreendia”, comenta Aquilino Fortes.
Na sua opinião, os vários contra-ataques que o Atlético sofreu tiveram como uma das causas a forma como os árbitros analisavam as situações de contacto físico. “Aqui em Cabo Verde, os árbitros consideram falta qualquer contacto físico e jogamos com essa mentalidade. Só que estamos a ver que precisamos mudar a nossa arbitragem, caso contrário o nosso andebol não irá evoluir”, frisa o técnico.
O Inter liderou o marcador do início ao fim da partida. Ao intervalo vencia por 27 – 15, e queria mais. No segundo tempo continuou a obrigar o Atlético a cometer deslizes para disparar em contra-ataque. No ataque estruturado, obrigava a defesa do Atlético a descair para o lado do pivot e atacava em vantagem numérica no outro flanco. Fechou o placar com o resultado de 46 – 26, uma margem de golos que poderá ser útil à formação angolana nas contas para a próxima etapa, uma vez que perdeu o seu primeiro jogo com o Sporting do Egipto.
Apesar da derrota, alguns jogadores do Atlético do Mindelo tiveram uma prestação positiva, caso do interior Fred, que marcou vários golos com disparos acima dos nove metros, e o guarda-redes Júnior pelas defesas executadas em situações de contra-ataque ou remates frontais. Os atléticos voltam a jogar hoje com a JSK, no pavilhão do Bairro.
KzB