KuArt K. Almeida, rapper cabo-verdiano apaixonado pelo Basquetebol, que se tem dedicado à formação de jogadores na zona de Chã de Alecrim, quer dar às crianças uma oportunidade para serem atletas promissores e, ao mesmo tempo, trabalhar para a comunidade. Aliás, confessa que o objectivo é mais amplo – passa também pela educação e levar os pupilos a acreditar que na vida tudo é possível se houver oportunidades.
“Eu vejo a minha intervenção como uma forma de educar, levar as crianças a acreditarem que são capazes de alcançar o sucesso, motiva-los porque a vida é uma questão de oportunidades. Oportunidades que uns têm e outros não”, realça o jovem. “Se és um bom programador é porque, muito das vezes, os teus pais puderam oferecer-te um computador; se és um bom tenista é porque os teus familiares tiveram condições de pagar-te as aulas…”, exemplifica KuArt, que tenta acompanhar o desempenho dos estudantes na escola.
Questionado sobre qual o maior obstáculo durante os treinos, a resposta foi direta. “O obstáculo está na tua cabeça, não precisamos de muito para ter alguma coisa, então não importa se temos um campo de basquetebol ou não. O essencial é ter uma bola para fazer os treinos e divertir”, responde o treinador, que traz como exemplo o caso de Eddy Tavares, basquetebolista do Real Madrid, que no início da carreira não tinha sequer um par de sapatilhas. Hoje, lembra, é um dos ícones do desporto cabo verdiano.
A escola de KuArt Almeida é aberta a quem quer aprender a jogar basquetebol. Neste momento já conta com cerca de 20 alunos. As coisas vão acontecendo conforme as possibilidades reais da escola. Como enfatiza, não pode ficar à espera de eventuais ajudas para funcionar.
Com o pouco que tem, diz, tem conseguido desenrascar. Se alguma ajuda aparecer, enfatiza, será bem recebida, mas deixa claro que não vai ficar em casa à espera que algo caia do céu. Ele que gostaria de ver mais campos espalhados por Cabo Verde, porque, salienta, a prática desportiva é um refúgio e uma mais-valia para todos.
Jeffry Lima