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Estreantes Fábio Samouco (Portugal) e Jessica Silva (S. Vicente) vencem 9. edição de “Volta Djêu”

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Os atletas Fábio Samauco (masculino) e Jéssica Silva (feminino) foram os vencedores da 9. edição do “Volta Djêu”, com os tempos de 1 hora e 30 minutos e 2h 22 minutos respectivamente. Os dois atletas, o primeiro de nacionalidade portuguesa e o segundo natural de São Vicente, são ambos estreantes nesta competição mas, agora que tomaram o gosto da prova, prometem não parar. 

Foi uma competição que durou praticamente toda a manhã deste sábado e levou uma boa moldura humana à praia da Lajinha. Arrancou com 19 atletas – eram inicialmente 20 mas um masculino desistiu antes da largada – e terminou com 17, sendo que duas mulheres abandonaram a meio percurso. Mas, ainda assim, não deixa de ser uma participação enorme devido ao elevado grau de exigência técnica, física e mental. Destaque ainda para a prova paralela sénior Lajinha-Ponta de João Ribeiro que contou com quatro participantes com mais de 60 anos: Christian Neves, Santiago Vieira, Nilsa e Hersílio. 

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Na competição propriamente dita, o primeiro a cortar a meta foi Fábio Silva  com o tempo de 1h30 mn, seguido por Rivelino Lima de S. Vicente (1h49mn) e pelos iríamos Stiven Lima e Ailton Lima da Boa Vista (1h50 e 1h53 mn). Na sequência chegaram David Monteiro, Nuno Fonseca, Edoardo Maneguin, Aldemiro Pio, Walter Almeida, Silas Rosa e João Paulo. No feminino, o primeiro lugar foi para Jessica Silva (S. Vicente), o segundo para Ariel Pinheiro (Portugal) e Bety Sequeira (S. Vicente). Concluíram a prova Elisabeth Delgado e Marísia Santos. Apenas a atleta Kira Barros (Santiago) desistiu. 

Á imprensa, Fábio Samouco mostrou-se surpreso pela vitória. “Não estava nada a espera. Participei mais pelo desafio, não obstante praticar natação de competição desde sempre. Mas há mais de oito anos que não treinava. Nunca tive hipótese de participar no Djeu por não estar em São Vicente. Este ano, como estava aqui, fiz questão de me preparar o mínimo possível para participar. O meu objectivo era divertir-me, até porque não sabia o que contar. Foi uma descoberta boa, principalmente na volta Djeu-Mindelo em que temos uma vista espetacular. Dá para usufruir”, declarou o campeão. 

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Correntes fortes

Segundo este atleta, as maiores dificuldades foram as correntes, sobretudo a partir da Ponta de João Ribeiro. “Senti correntes um pouco fortes para norte. Felizmente consegui perceber antes e, talvez por isso, tenha conseguido mudar um pouco o meu rumo e impor mais de ritmo por forma a evitar ao máximo descair e aumentar a distancia que tinha de nadar. Quando cheguei ao Djêu fiz questão de sair dali rapidamente e tentar aproveitar o vento e a ondulação. Logo que cruzei a Ponta de João Ribeiro”, declarou Fábio Samouco, que trabalha como responsável do Centro de Mergulho de S. Vicente.  

“Veterano” com sete participações, Rivolino Lima foi o segundo classificado, uma conquista que justifica pelo treino mais forte empreendido este ano mas que, do seu ponto de vista, é altamente satisfatório. Entusiasmada estava, sem sombra de dúvidas, Jessica Silva, que participou pela primeira vez nesta competição. “Para mim, foi a realização de um sonho. Sempre tive vontade de participar, mas nunca tive oportunidade. Desta vez fui mesmo e consegui chegar primeiro. A emoção é muito grande.”

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Para subir no primeiro lugar do pódio, Jessica Silva afirma que fez um treino intensivo, sobretudo nestes últimos dias que antecediam a prova. A grande surpresa é que, segundo Jessica, sempre treinou sozinha e, por isso, desconhecia o seu real potencial. Sobre as dificuldades, esta garante que foram sobretudo as vagas, sendo que o mar largo é muito diferente. “Mas estou sem palavras porque esta é a minha primeira competição de natação de sempre. Estava confiante mas, ao mesmo tempo, consciente de que havia bons atletas. Felizmente, tudo correu bem e dei o meu máximo. O resultado é a vitória.”

Podium feminino

A segunda classificada, Ariel Pinheiro, mostrava maravilhada com esta experiência. Admite que não foi fácil, sobretudo sendo estreante na prova. “Consegui concluir a minha prova e, de bónus, subi no pódio. É maravilhoso. Senti alguma dificuldade porque as ondas estavam fortes, mas foi uma experiencia positiva. Consegui entrar em sintonia com as ondas e controlar a minha respiração. A partir de então foi fenomenal”, diz esta atleta, que exalta o acompanhamento e promete voltar a participar, se estiver aqui. “Sou portuguesa, mas venho para com freqüência para São Vicente. Estou a fazer o meu doutoramento em Antropologia. Estou a fazer um trabalho sobre os mandingas. Estou a colher experiências aqui na ilha de São Vicente e em Cabo Verde.”

Inscrição da prova na FINA

A nível da organização, Jandir Leite mostrava-se radiante com a realização  e o sucesso desta edição do “Volta Djêu”. “Foi uma prova lindíssima. Todos os aspectos técnicos previstos em termos de tempo foram verificados. Infelizmente, apanharam um bocadinho de corrente na viragem norte-sul e alguns atletas acusaram alguma dificuldade. Mas trabalhamos para isso e os atletas têm de criar os seus ritmos em termos competitivos dentro de agua, ou seja, as suas trilhas. O público também fez-se presente”

Sobre o tempo de prova, Jandir explica que desde que “Volta Djêu” foi oficializado este foi o melhor tempo. No entanto, antes quando era apenas por diversão um dos participantes cumpriu todo o percurso em 1h e 28 minutos. “Podemos dizer que o tempo de hoje foi um recorde, em relação ao ano passado em que o primeiro atleta a cruzar a meta fez 1h 46 mn. Significa que os atletas estão a trabalhar e querem melhorar a sua performance”, acrescenta, destacando a participação nesta edição de atletas de quase todas as ilhas. 

Questionado sobre desistências, o responsável do Djeu.CV, empresa responsável pela realização desta competição junto com a Associação Regional de Natação, admitiu que três atletas desistiram. Foram abordados pela equipa e foram trazidos para terra em segurança. Não obstante este percalço, Jandir diz-se satisfeito e garante que estão a trabalhar para a sua internacionalização. “O que queremos é trazer um circuito internacional para Cabo Verde. Este ano tivemos alguns atletas internacionais, o que é muito bom. Mas queremos ser reconhecidos primeiro por autoridades locais, depois pelo Comité Olímpico Africano e também através da FINA- Federação Internacional de Natação.”

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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