O Conselho de Disciplina e o Conselho de Arbitragem da Associação Regional de Andebol de São Vicente acabam de proferir um despacho conjunto ao protesto da Académica do Mindelo, que confirma a conquista do título de campeão regional de andebol masculino pelo Atlético, clube vencedor de três das cinco partidas previstas da final dos play-off. Ambos os órgãos defendem que as decisões dos árbitros foram ajustadas.
“Perante as reclamações sobre os lances em questão no protesto, segundo os árbitros envolvidos no momento, as deliberações foram as mais ajustadas. Embora haja contradições baseadas relativamente nas percepções dos lances apresentados no protesto, eles reafirmam as suas decisões, pois estavam mais próximos dos lances”, lê-se no despacho. Este enfatiza ainda que, com base no exposto, os argumentos apresentados no protesto pela Académica do Mindelo não constituem erros técnicos e, por conseguinte, não determinam a repetição do jogo em causa.
Numa reação ainda a quente, a treinadora da Académica do Mindelo, Cátia Brito, deixa claro que o protesto não foi contra o Atlético, mas sim contra decisões e erros da arbitragem. “Quem avalia estas decisões é o Conselho de Arbitragem, e não os árbitros. Costumo dizer que lobo nunca vai comer lobo. Mas, pronto, perdemos o protesto e agora desejo que o Atlético faça um bom nacional”, declarou a treinadora, que aproveitou para endereçar os parabéns aos campeões.
Do lado do Atlético, o treinador Aquilino Fortes diz que estavam à espera desta decisão. Admite que pode ter havido um ou outro erro durante os jogos, “o que é normal”, mas foram sobretudo de análise do momento do jogo. “Faltas ou pênaltis por assinalar acontecem em jogos em qualquer parte. Se isso dá direito a protesto, acho que nenhuma partida vai terminar.”
Confirmados agora como campeões de São Vicente, os próximos passos, de acordo com o treinador, é reunir a equipa e a direcção para analisar a proposta da Federação Cabo-verdiana de Andebol para o campeonato nacional. “No ano passado, o Atlético rejeitou a proposta que nos foi apresentada para o nacional e ficamos de fora. O nosso presidente está fora do país e regressa esta quinta-feira, então não posso garantir qual vai ser a nossa posição. O que posso dizer é que vamos analisar aquilo que nos for proposto e tentar, junto da FCA e dos parceiros, ver se temos condições de participar”, esclarece.
Participação no nacional em risco
Lembra Aquilino Fortes que, conforme proposta da FCA, as equipas continuam a arcar com as despesas de alimentação durante a prova. “São mais de 200 contos durante 8/9 dias para café, almoço e jantar, sem contar outros gastos com água, gelo, reforço de algum lanche antes dos jogos. Se formos participar no masculino e feminino – estamos neste momento a uma vitória do título regional no feminino -, estamos a prever gastar no minino 400 contos. E é preciso lembrar que a Federação exige que os clube viagem de barco”, detalha.
São condições que, acentua Aquilino Fortes, não convém ao Atlético. O treinador lembra que no ano passado tentaram lutar para mudar esta situação mas, diz, não contaram com o apoio das demais associações e clubes. Mesmo isolados, decidiram não participar, mas a Federação optou por fazer um nacional com poucas equipas.
“Infelizmente, em Cabo Verde não existe união. E fomos os únicos prejudicados. Por isso este ano vamos ter de pensar bem como proceder. Se houver condições vamos participar, caso contrário não vamos penalizar os nossos atletas. Dois nacionais fora de casa implica uma longa viagem.”
As viagens interilhas, diz, têm escalas e são demasiado cansativas sobretudo para a equipa técnica, tendo em conta que acumula o cargo de treinador da equipa masculina e feminina. “No feminino estamos neste momento com duas vitórias. É verdade que ainda nada está garantido porquanto, no desporto, sempre é possível dar a volta ao resultado. Mas estamos na perspectiva de poder ser campeão no masculino e feminino. E, se isso concretizar, serão custos a duplicar”, desabafa o treinador.
Em jeito de remate, Aquilino lembra que são clubes amadores, pelo que desafia a FCA e o Instituto do Desporto e da Juventude a repensaram estes modelos, tendo em conta que, ao invés de premiar as equipas campeãs, está-se a impor-lhes responsabilidades e despesas que não têm condições de arcar.