O atleta Betinho Gomes e a esposa pretendem passar a trazer técnicos a Cabo Verde para trabalharem com crianças e adolescentes em campos de treino especializados para o ensino do basquetebol. As aulas devem arrancar já no próximo ano, pois a ideia do basquetebolista é envolver treinadores portugueses, espanhóis e italianos no projecto, assim que regressar a Europa. De férias em S. Vicente, Betinho tem estado a acompanhar principiantes de três escolas para avaliar as suas potencialidades e saber o que precisam. “Dei alguns treinos, tive a oportunidade de ver como estão e o que precisam. Agora é regressar a Portugal e abordar alguns técnicos na Europa, pois tenho vários treinadores amigos que certamente vão apoiar-me nesta iniciativa”, diz Betinho, para quem há muitos talentos em S. Vicente, crianças que precisam apenas de alguém para as guiar, como aconteceu com a sua pessoa. Como realça, teve a sorte de ser orientado pelo treinador Kula, que lhe deu as bases para a sua carreira internacional.
“Costumo dizer aos jogadores que se eu, o Rodrigo Mascarenhas, Kony Coronel, Ivan Almeida tivemos sucessos eles também podem chegar onde querem. Nós todos nascemos em Cabo Verde, vivemos sob as mesmas condições pelo que qualquer um pode atingir os seus objectivos, desde que trabalhe duro”, salienta esse profissional, que tem aproveitado a estadia na cidade do Mindelo para recuperar energias. Aliás, diz, Cabo Verde é o único sítio onde tem essa oportunidade.
Quando regressar a Portugal, Betinho vai fazer exames clínicos e assinar contrato com o Benfica, seu antigo clube onde jogou por oito anos. Como revelou ao Mindelinste, já tem um pré-acordo com o emblema encarnado, pelo que espera concretizar o contrato em breve. Para ele, voltar a jogar da águia ao peito, sob o comando do técnico Carlos Lisboa, com quem se dá “muito bem”, é um retorno a uma casa onde ganhou tudo. “Gosto de estar onde me sinto acolhido e conheço muito bem o campeonato português. Quero voltar a ganhar títulos, porque nada é mais compensador do que celebrar no final da época”, realça o jogador.
Betinho passou os últimos três anos na Itália, representando o Aquila Basket Trento. O objectivo do clube era chegar aos Play-Off, mas, como revela, a equipa conseguiu atingir a final nas duas últimas épocas, um feito de tamanha envergadura que surpreendeu tudo e todos na Liga Italiana. “Tínhamos um baixo orçamento, mas um plantel motivado, que acreditou na sua potencialidade”, comenta Betinho, para quem passou três anos muito positivos na Itália.
Agora, no entanto, quer voltar a Portugal. Como diz, não podia recusar o convite do técnico Carlos Lisboa, que, entretanto, regressou ao Benfica. Betinho volta ao convívio dos portugueses numa altura em que decidiu abandonar a selecção das quinas. A decisão não agradou aos adeptos, mas, segundo o atleta, há cerca de quatro anos que tem tentado afastar-se da selecção em parte por causa da idade. “Estou com 34 anos, já não tenho a energia dos meus 20 anos. Preciso agora gerir o meu esforço porque quero jogar ao mais alto nível por mais três-quatro anos”, explica Betinho.
Este elucida que chegou a fazer 36 jogos na liga italiana, mais 15 na Eurocup e depois participar em mais duas dezenas de partidas pela seleção, algo que, diz, é desgastante. O atleta reconhece que pode deixar alguma falta à equipa portuguesa, até porque o grupo chegou a perder outras pedras valiosas, mas acentua que agora precisa usar as férias para recuperar energias e dedicar-se a outros projectos, entre os quais os campos de basquetebol em Cabo Verde.
Kim-Zé Brito