URDI 2020 com quebra de mais de 50% no orçamento e feira em rede nas ilhas
A URDI 2020-Feira de Artesanato e Design de Cabo Verde, que acontece nos dias 25 a 29 de novembro e tem como lema “Equilíbrio, Ecologia+Criatividade”, está orçada em menos de metade do montante gasto no ano passado, isto é, 3.500 contos e vai acontecer em moldes diferentes. Por exemplo, a habitual Feira na Praça Nova foi substituída por amostras nos atelier, casas ou oficinas dos artesão em todas as ilhas.
A apresentação pública da edição deste ano da URDI aconteceu esta manhã no Centro Cultural do Mindelo e foi testemunhada pelo Ministro da Cultura e das Industrias Criativas, Abraão Vicente, o que foi visto pelo director do Centro Nacional de Artesanato e Design, Irlando Ferreira, como uma forma de reconhecer da importância desta actividade para o país e para o contexto cultural e criativo. Isto no ano em que os dois municípios convidados são Porto Novo (Santo Antão) e S. Miguel (Santiago).
“Continuamos na lógica de desenvolver o sector de artesanato e design na perspectiva de criar uma dinâmica conjunta e criativa a partir destes dois sectores. O tema escolhido foi Equilíbrio, Ecologia e Criatividade, que nada teve a ver com o contexto da pandemia, mas acaba por abarcar toda esta problemática”, frisou Irlando, destacando a necessidade do equilibro nas artes, na criatividade, nas relações e na gestão do sector da cultura. “É sempre fundamental procurar equilíbrio”.
Quanto ao programa, este iniciou com um concurso de design que contou com 28 candidaturas dos sectores das artes plásticas, arquitetura, artesanato e design. Destas, foram seleccionadas 14 peças o que mostra, segundo o director do CNAD, a qualidade do concurso. “Tivemos participações a nível nacional de Santiago, Boa Vista e S. Vicente e, da diáspora, de Portugal, Suíça e Holanda”, detalha.
Em relação as residências criativas, está programado a realização de Fonténha de 16 a 23 de outubro, recorrendo a estética literária de Luís Romano, que contará com a presença de sete artistas convidados de diferentes áreas: artesão, designer, ilustrador, cineasta e dramaturgo. Vai acontecer no território de Fontaínhas (Santo Antão). Já a nível do salão Created in Cabo Verde, vai acontecer no CCM. Ainda Lossguia, que é resultado do concurso de design, Fonténha produto da residência e João Fortes, que é uma exposição em homenagem a este mestre-artesão e artista plástico (falecido).
Este ano as grandes conversas serão em formato mix, isto é, presenciais e digitais. O programa destaca ainda as oficinas URDI e Prémio Djoy Fortes. Mas a maior novidade será a feira, que descentraliza-se da Praça Nova para os 22 municípios, numa lógica de rede onde o publico e o artesão estarão em contacto nos ateliers, casas e oficinas. “As inscrições para participar na feira serão até o dia 30 de setembro.”
O Ministro da Cultura apontou, por sua vez, o desafio de este ano não deixar cair cair a URDI por causa do contexto da pandemia, que teve uma resposta à altura da CNAD, não só através do cartaz provocativo, mas também do conteúdo e da sua implementação, apesar de todos os medos e receios que poderia existir. “É importante separarmos o fazer cultura e a produção cultural. Apesar da pandemia os sector da cultura não esteve parado. O que tem estado parado é a produção cultural, ou seja, empresas ligadas a produção de musica e de outros eventos. Os artistas, os criativos não param de produzir conhecimentos e obras de arte”, afirmou, acrescentando que o ministério da Cultura também nunca parou.
Ainda assim, este admite que o facto do país estar parado prejudicou o nível de disponibilidade financeira do próprio MCIC para implementar actividades como a URDI, cujo orçamento sofreu um corte de mais de 50%. Sobre este particular, Abraão Vicente lembrou que todos os eventos do seu ministério sofreram cortes a volta de 80%, sendo que no orçamento rectificativo o corte foi de 90 mil contos e no Orçamento de Estado para 2021 será de 190 mil contos.
“A realização da URDI representa uma prova de residência do sector em que preferimos apostar em um evento realizado pelo Estado através do CNAD, mas que envolve todo o sector do artesanato e design e consegue manter na sua realização um conjunto de actores que são importantes e significativo”, referiu. Uma outra razão apontada para a realização da URDI 2020 é a entrega em Janeiro/Fevereiro do novo Centro Nacional de Artesanato e Design completamente recuperado e reabilitado.
Em S. Vicente, o MCIC, Abrão Vicente, visitou ainda os museus da ilha, numa lógica de relançamento da ideia do Museu da Cidade na Réplica da Torre de Belém e a requalificação do Museu Cesária Évora.