
São Nicolau recebe este sábado, 26, a primeira maratona de leitura do romance “Chiquinho”, de Baltasar Lopes da Silva, evento que se espera venha a se tornar anualmente. O propósito, segundo o continuador da obra, José Cabral, é evocar a memória do autor por altura do seu aniversário natalício, 23 de abril, e contribuir para o reforço do hábito de leitura no país.
De acordo com Cabral, o simbolismo contido no emblemático romance Chiquinho de Baltasar Lopes, o primeiro genuinamente cabo-verdiano, por conter a história do Homem e do SER-se Cabo-verdiano e o seu percurso do país, imortalizado por Chiquinho e que merece ser permanente revisitada.
Foi com este propósito que ele e Carlos Almeida, cotradutor da obra para a língua inglesa, assumiram o desafio de realizar anualmente uma maratona de leitura do romance para evocar a memória do seu autor, por altura do aniversário, 23 de abril. “É ainda uma espécie de contribuição para celebração do Dia do Professor, mas também tentar promover o hábito de leitura no país, sobretudo entre os jovens.”
Neste sentido, explica, foi feito um forte apelo às escolas da ilha de São Nicolau, sobretudo a que recebeu o nome de Baltazar Lopes, e que deverá marcar presença de quatro a cinco dezenas de alunos, também no âmbito das celebrações dos 50 anos da Independência de Cabo Verde.
Conforme o programa, a concentração será às 9h30 na Praça Baltasar Lopes e partida (de carro) para Caleijão para visitar a “Casinha onde nasci no Caleijão”, com início da maratona em Stancha, passando por Ladeira Grande e regresso “Pelos Caminhos de Chiquinho” pela Ladeira da Lapa. A maratona prossegue depois em Stancha e, às 20 horas, desloca-se ao município do Tarrafal, no Museu da Pesca, onde será realizada a tertúlia “Um Homem Arquipélago na Linha de Todas as Batalhas por Cabo Verde”.
Alvo de estudo nas escolas secundárias de Cabo Verde, Chiquinho é um dos romances cabo-verdianos mais lidos em todo o país. Ainda assim, segundo José Cabral, é objeto de mais análise mais aprofundada no estrangeiro. Cita, a título de exemplo, o caso da Itália a tradução do livro para italiano para ser ensinado Universidade La Sapienza de Roma e também para francês com o mesmo propósito.
“O professor Leão Lopes foi, em tempos, convidado para falar de Chiquinho em um curso de doutoramento em uma Universidade na Califórnia em Berkeley. É um clássico da literatura lusófona pelo que devia ser mais lido. E não sou eu sozinho quem o diz. O escritor Germano Almeida disse uma vez que os cabo-verdianos deveriam ler o romance pelo menos uma vez a cada cinco anos e que as pessoas pretendentes a cargos políticos que não conseguissem transitar num exame sobre Chiquinho não deveriam ser eleitos.”
É neste sentido e para ser consequente que, frisou, estão a fazer a sua parte, com o envolvimento das Câmaras Municipais de São Nicolau e das escolas. Cabral garante que a embaixadora dos EUA vai estar presente e fará a leitura de um capítulo do livro, igualmente o Presidente da República que, na impossibilidade de estar presente, indicou um representante para fazer o mesmo.