Produtor norte-americano Teddy Riley apto para assimilar estética e ritmos da música cabo-verdiana
O produtor norte-americano Teddy Riley admitiu ontem que os seus conhecimentos sobre a música cabo-verdiana são ainda limitados, mas garantiu que está apto a assimilar a estética dos ritmos próprios deste torrão atlântico, no âmbito da curadoria que irá prestar ao estúdio flutuante do Mindelo. Aliás, Riley, conhecido por trabalhar com renomes internacionais como Michael Jackson e Lady Gaga, fez uma performance com artistas cabo-verdianos numa ante-estreia do lançamento do Floating Music Hub e confessou ter ficado impressionado com o nível de improvisação e da versatilidade dos mesmos.
“Sou um músico por isso estou aberto a aprender a música e outras expressões culturais de outras paragens. Passei dois anos na Coreia e durante esse tempo aprendi a cultura desse povo. Vou fazer o mesmo aqui em Cabo Verde. E a música cabo-verdiana tem tudo para atingir a world music”, frisa Riley, que confessou estar ansioso para começar a materializar o programa de exploração do Mansa Floating Hub, iniciativa que visa trazer trazer a cada mês criadores fundamentalmente africanos para a cidade do Mindelo em forma de residência artística. Riley será o curador e director artístico do hub, por convite do empresário e investidor Samba Bathily, um projecto que, diz o produtor, vai enaltecer a nação africana.
“Vamos trazer artistas, nomeadamente da América, e mudar o cenário da música industrial”, afirma Teddy Riley, adiantando que haverá uma forte promoção do Mansa Floating Hub através das redes sociais, nomeadamente o Instagram e Facebook.
Muito em breve Teddy Riley regressa à ilha de S. Vicente para iniciar os trabalhos efectivos. A expectativa é que a instalação dos equipamentos do estúdio construído nas águas da Avenida Marginal esteja concluída em Agosto. Durante as férias deste mês, segundo Samba Bathily, será finalizado o programa e logo de seguida começam a chegar os primeiros artistas para gravarem as suas obras ou fazerem exposição. “Vamos trazer tanto músicos como artistas plásticos, da moda e do mundo da gastronomia”, assegura Bathily.
A organização, acrescenta, já tem uma lista dos primeiros artistas, que virão do continente africano, Estados Unidos e da Europa. O plano é dinamizar a plataforma todos os meses com um trabalho diferente. Os agraciados, segundo Bathily, serão escolhidos através de concursos. Bathily prevê que as indústrias criativas irão fervilhar em S. Vicente com a vinda de designers de moda, fotógrafos, cozinheiros, etc., num diálogo cultural entre africanos, para africanos e o mundo. Aliás, Bathily recordou que esta caminhada começou em 2019 quando trouxe mais de uma centena de convidados do mundo artístico e da culinária para um intercâmbio em Mindelo. A presença agora de Teddy Riley, diz, vem no seguimento dessa visão que visa usar Cabo Verde como ponte de conexão da nação artística africana.
Durante a conferência de imprensa realizada ontem, o investidor anunciou uma parceria que estabeleceu com a Sociedade Cabo-verdiana de Música. O empresário assegurou que o acordo foi assinado antes, mas que agora está a ser materializado tendo em conta a perspectiva empresarial que tem dos investimentos feitos na cidade do Mindelo.
Para Solange Cesarovna, presidente da SCM, a assinatura do protocolo, celebrada em abril, respeita e salvaguarda os direitos autorais dos músicos cabo-verdianos, mas também de artistas de outras paragens. Para ela é também uma grande oportunidade para a retoma cultural de Mindelo no pós-pandemia, “cidade que respira cultura e cujas referências orgulharam a nação cabo-verdiana, como é o caso da diva Cesária Évora”.
Segundo Cesarovna, teve um encontro com Riley que explanou a sua visão sobre o trabalho que pretende realizar no estúdio do Mindelo e ficou bastante entusiasmada.