O artista Mamadou Sulabanku, residente em S. Vicente, está no Senegal para uma digressão de lançamento do videoclipe “Yedna” e gravação da canção “Talibe”, com músicos locais. Em agenda, este artista, que se assume como um griot, tem varias entrevistas e apresentações na televisão, rádio e canais digitais.
Ao Mindelinsite, Mamadou explicou que o objetivo é mostrar a sua arte musical e partilhar o seu pensamento: a de um Griot que canta a sua realidade, com um coração e uma voz que dá visibilidade à criatividade, sofrimento e desafios de todo um continente e seus povos. Foi com este proposito que, em novembro passado, diz, lançou o videoclipe “Yedna”, palavra que em Wolof significa “dar um conselho”.
Segundo o músico, esta mensagem é dirigida aos artistas, para que valorizem e usufruem do seu trabalho para o seu sustento e assim possam viver com mais dignidade. “Esta é uma mensagem que chega em plena pandemia, que colocou a classe artística em situação desfavorável, e evidencia a fragilidade de um país da música onde músicos de forma geral não conseguem viver do seu trabalho”, pontua.
A digressão será também oportunidade para introduzir mais percussão à música do projeto Sulabanku. “Falta a minha música a percussão de Griot. Quero incorporar o Mbalax, de forma suave. No Senegal, vou trabalhar com músicos locais. E, como sempre aconteceu na banda Sulabanku, cada músico terá abertura de trazer as suas sonoridades pessoais e a forma de tocar. Será algo diferente, na escuta, e é isso que significa Sulabanku, esse movimento que sempre traz algo novo”, afirma.
Biografia
Mamadou nasceu em Dakar, Senegal, a 7 de Julho de 1972. Criou a primeira banda aos 14 anos, Fancy Club Jordan. Logo depois viria a participar com à banda no festival Oscars des Vacances. Mais tarde regressaria ao festival Oscars des Vacances com à banda Étoile Magique. Aos 18 anos formou a banda Rich Boys. No registo solo, ganhou o prémio de melhor cantor e melhor cantor de bak e entrou para o círculo musical de Dakar. Passou a conviver com músicos como Manel Diop, Lamine Faye e Youssou N’Dour.
Chegou ao Mindelo em 2000 e juntou-se a outros senegaleses na ilha para criar o grupo Sabar. Em dois anos, o grupo de tradicionais percussionistas se apresentou em todos os palcos de S. Vicente. Foi nessa época que conheceu o bailarino, coreógrafo e músico Tony Tavares, e o jornalista e escritor Joaquim Arena. Encontravam-se no espaço Alternativa para dialogar sobre temas da africanidade e da caboverdianidade.
Surgia entao o grupo Sulabanku, uma palavra crioula para o mar, representando as canções em constante movimento através das raízes de Cabo Verde e da abertura inerente à banda. Pouco depois Osseynou se juntou ao trio para tocar tamba. O novo quarteto é ainda reforçado pelo violino de Zezinho, o baixo de Nolito e a bateria de Tey Santos. O grupo percorre todo o país, apresentando-se nos principais pontos culturais, desde a festa de Santa Maria (Sal), passando pelo Centro Cultural Francês na Praia na ilha de Santiago e também no Festival de Porto-Novo em Santo Antão.
Em 2010, Mamdou gravou o álbum intitulado Arte Negro produzido por Hernâni Almeida.Para além do álbum Arte Negro, Mamadou já lançou mais três músicas: Yela e Mariama, 2018; e Talibe, 2019. Ainda no ano de 2019 lançou o vídeo clipe “Clandestine” referente a musica Lilenwar do Arte Negro. Em 2020, com o mundo e África confinados por causa da pandemia, Mamadou volta a mostrar-se com o videoclipe “Yedna”, onde a sua voz de Griot aconselham os artistas a valorizar e a dignicar a si próprios.