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Mais de 4.000 figurantes do Estrela, Flores do Mindelo, Montsu e Cruzeiros protagonizam show “ote level” no Carnaval d´Soncente

Cerca de 4.300 figurantes, distribuídos por 55 alas dos grupos Estrela do Mar, Flores do Mindelo, Monte Sossego e Cruzeiros do Norte proporcionaram um desfile de nível top no sambódromo do Mindelo, que se estendeu do início da noite até madrugada. No conjunto, a performance dos quatro grupos maravilhou o público, favoritismo à parte.

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Uma curta sondagem aponta para atribuição de nota positiva do público ao show apresentado por todos os grémios. É o caso da emigrante Lena Costa, residente na Holanda, que este ano veio aplaudir o Carnaval na Rua de Lisboa.

“Estou rouca de tanto aplaudir e gritar. Cada grupo mais bonito que o outro. Maravilhoso”, comentou esta mindelense nascida em Fonte Filipe, logo tinha que pertencer ao Estrela do Mar, grupo onde desfilou ainda criança. E foi com profunda emoção que vivenciou a homenagem singela feita a Dona Dulce, ex-Presidente do EdM, que faleceu no dia 29 de janeiro. Pedida para dar uma nota ao desfile, numa escala de 0 a 10, Lena foi peremptória ao escolher a nota máxima.

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Seguindo a mesma lógica, Liliane Monteiro, uma das passistas do Escola de Samba Tropical, mostrou-se impressionada com a qualidade do desfile oficial. Após sete anos sem ver o Carnaval de perto, a não ser pela televisão, teve o privilégio de captar a energia emanada por esta manifestação cultural em plena Rua de Lisboa.

“Espectacular!!!”, exclama Lily, para quem os grupos superaram as expectativas. “Pude ver o desfile do início ao fim na primeira fila, como se diz, e foi uma sensação incrível”, frisa esta jovem professora, que deu os parabéns aos foliões, à direção dos grémios, à Câmara de S. Vicente, à Ligoc e ao Ministério da Cultura pela organização do show.

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O concurso deste ano estava rodeado de enorme expectativa. O Carnaval acabou por cair muito próximo do Natal, mas os mindelenses sabiam lá no fundo que os grupos saberiam sair do aperto, tal como já aconteceu noutros anos. No entanto, os presidentes fizeram sempre questão de frisar as dificuldades que estavam a enfrentar para preparar o desfile, ao mesmo tempo prometiam batalhar pelo título. E, no final do desfile, todos estavam radiantes com o resultado do espectáculo.

A corrida ao título do Carnaval 2024 começou com Estrela do Mar. Quando faltavam 10 minutos para as 19 horas, o grupo arrancou a batucada com 80 ritmistas. Sinal de que EdM pretendia este ano cumprir o horário à risca. Seguiu-se uma curta pausa para as 19 horas em ponto activar, de novo, o rufar dos tambores. Porém, o andamento do grupo ficou em pause durante muito tempo, prejudicando a progressão dos foliões e carros alegóricos na avenida da Rua de Lisboa, que foi bastante lenta.

Abordado pelo Mindelinsite, o presidente Júlio do Rosário deixou extravasar a sua felicidade por ver o resultado do trabalho apresentado. “Foi um trabalho árduo desenvolvido por uma direção que assumiu o cargo há apenas 6 meses. Enfrentamos uma forte oposição, que quis impedir a saída do grupo, mas fomos mais fortes e acabamos por vencer”, reagiu o empresário Júlio do Rosário, presidente do Estrela do Mar, grupo que desfilou com cerca de 800 figurantes. No ano dos 50 anos, o grémio apostou no enredo “EdM je t’aime”, uma declaração de amor a si e ao Carnaval do Mindelo para ganhar o concurso.

Segundo concorrente, Flores do Mindelo, retirou expressões de espanto ao público presente na Rua de Lisboa. Desta vez, FdM esmerou-se nos carros alegóricos, nos trajes e numa bateria composta por 95 tocadores para retratar o tema “O baralho – os jogos são do baralho?”. O intuito, segundo Ana Soares, presidente do grupo, e Nelson Soares, autor do enredo, foi jogar com fair-play, mas para “baralhar” as cartas ao Carnaval. Para ambos, o desfile decorreu como planeado, apesar do aperto do tempo. A perspectiva é manter essa linha para poder ser um sério candidato ao título. “Decidimos apostar nos mais jovens porque têm mais energia”, explicou Nelson Soares, quando confrontado com a baixa média de idade dos cerca de 800 figurantes, distribuídos por 13 alas.

Um dos desfiles mais aguardados da noite era o do Monte Sossego, detentor do título. E mais uma vez, os adeptos de Montsu explodiram de alegria quando o som do grupo foi ligado aos altifalantes da Rua de Lisboa. Montsu tinha responsabilidade de tratar o enredo Genética.cv e, segundo António “Patcha” Duarte, todos tinham a oportunidade de ver e analisar a obra feita.

“Acho que o nosso objectivo foi plenamente atingido. Tivemos uma fase de preparação muito dura e extremamente desgastante. Um período muito curto entre a quadra festiva e o dia o Carnaval, mas conseguimos atingir o objectivo, que era fazer um grande desfile”, reagiu o presidente da “terra d’índio”, que invadiu Rua de Lisboa com 1600 membros e uma batucada composta por 165 ritmistas. Agora, disse aos jornalistas, é esperar a decisão soberana do júri.

Coube ao Cruzeiros do Norte a chave do encerramento do concurso oficial e a responsabilidade de apresentar uma performance capaz de destronar Montsu, ainda mais no ano do seu 40. aniversário. O grupo, que apostou no enredo Dona Matemática, levou para o asfalto 1.080 foliões distribuídos por 16 alas e uma batucada com 130 elementos, focados no título.

“Apanhado” pelo Mindelinsite quando o grupo estava a atravessar Rua de Lisboa, Jailson Juff afirmou que no seu peito pulsava uma enorme alegria, orgulhoso do trabalho apresentado. “Um desfile rumo a vitória!”, disse, sem pestanejar, o presidente do grémio de Cruz João Évora. Segundo Juff, o grupo usou a matemática para fazer muitas contas e levar o enredo para a Rua de Lisboa tantas foram as pedras encontradas pelo caminho.

Lançados os dados, hoje é o dia de fortes emoções. Dentro de poucas horas serão conhecidos os vencedores dos diversos prémios. As expectativas maiores estão concentradas nos concursos Rainha de Bateria, Mestre-sala/Porta-bandeira e, obviamente, no resultado final dos grupos.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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