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Cultura

Ludmilla “chegou chegando” e “bagunçou” a Baía toda

A cantora brasileira Ludmila “chegou chegando” e “bagunçou” ontem à noite toda a Baía das Gatas, no primeiro dia da 35 edição do festival. Aguardada com enorme expectativa pelo público jovem, que começou a gritar pelo seu nome minutos antes de pisar o palco, Ludmilla meteu ritmo, interpretou os seus sucessos e ficou admirada por constatar que os cabo-verdianos conheciam cada refrão das suas músicas.

Acompanhada de quatro dançarinas, que apresentaram coreografias sensuais durante a actuação, a artista mostrou-se incansável naquela que foi a sua estreia na ilha de S. Vicente. Aliás, essa energia era mútua. Já na recta final, essa compositora e intérprete do estilo Funky perguntou aos milhares de espectadores se ainda não estavam cansados e a resposta foi inequívoca. Isto num show de mais de uma hora de permanente interacção. A cantora fez até um vídeo para o seu Instagram, pediu para o público fazer o refrão da música Din din din e mostrou-se impressionada com a força do coro. Todo o mundo deu “em cima” e “pegou” Ludmilla “na mão”, particularmente nesse instante.

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Ludmilla assumiu o microfone depois do regresso triunfante dos Tabanka Djaz ao festival da Baía. Segundo Micas Cabral, o grupo bissau-guineense voltou a cantar para o “maravilhoso” público mindelense 22 anos depois, uma espera que foi “angustiante” para essa banda residente em Portugal. “Tínhamos saudades de actuar em S. Vicente. A cada ano ficávamos à espera do convite e agora estamos super felizes. Não imaginam o que é sentir o público de S. Vicente. Sem menosprezar os das outras ilhas – já estivemos no Fogo e no Festival da Gamboa – e somos sempre bem recebidos. Mas este calor de S. Vicente é diferente”, confessa o cantor. Como explica, a adesão do público é de tal forma que o artista sente o trabalho facilitado.

Com cinco discos lançados, os Tabanka Djaz tiveram de selecionar as canções mais emblemáticas, pensando em satisfazer os fãs e deixar uma nova marca no areal da Baía das Gatas. Algo que Micas acha que conseguiram alcançar, tanta foi a vibração.

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Questionado sobre a situação política da Guiné-Bissau, o cantor mostrou-se preocupado com o impasse vivido. Para ele, o quadro é complicado e, para piorar as coisas, não se vê uma luz no fundo túnel. Como diz, a cada instante acontece um episódio desagradável, pelo que é chegado o momento de a classe política pensar primeiro no povo. É que, a seu ver, a Guiné não deu praticamente um passo em frente desde a Independência.

Esta edição foi aberta por um leque de três vozes femininas cabo-verdianas, mas de estilos pessoais e artísticos diferentes: Cremilda, Djocy e Ceuzany. Última a actuar, a extrovertida Ceuzany confessou que não estava à espera de ser convidada para o evento deste ano. Sempre activa e brincalhona no palco, a cantora conseguiu estabelecer a conexão com o público, o que a deixou radiosa. “Estou contente pela forma como as pessoas nos receberam. Sei que gostaram e espero regressar à Baía das Gatas, a minha casa”, diz a intérprete, que fez questão de chamar as colegas Cremilda e Djocy para cantarem juntas a sua última canção.

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De S. Vicente, Ceuzany parte para o festival da Boa Vista e depois Curraletes, em Santo Antão. A cantora, que está a preparar o seu próximo álbum de músicas tradicionais, tem ainda agendado espectáculos na Talândia e na Holanda.

O primeiro dia do festival foi encerrado pelo homem do reggae Ky-Mani Marley, filho do lendário músico jamaicano, que interpretou algumas das canções mais célebres de Bob. Apesar da hora, Ky-Mani foi aguardado por milhares de apreciadores do reggae, muitos deles empunhando bandeiras com as cores da Jamaica, que não quiseram perder a oportunidade de curtir a vibração típica desse estilo musical. No fundo, como sublinhou Tó Gomes, foi uma forma de prestarem homenagem ao rei Bob Marley. “Se Bob fosse vivo certamente que ele já teria actuado na Baía. Hoje tudo é possível. Como é impossível vermos o nosso ídolo, ele é recordado através do filho.”

O artista entrou em cena já depois das cinco horas da madrugada e, devido ao adiantar do tempo, foi impossível ao Mindelinsite acompanhar a sua actuação até o fim. Para hoje estão previstos os shows de Vasco Martins, Grupo de Carnaval de São Vicente, Beto Dias, Suzana Lubrano, Deejay Télio e Davido, este último artista da Nigéria.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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