Pub.
Pub.
Cultura

Juventude em Marcha fecha 2021 com estreia de “Pinha ma Kentei” no CCM

Nada melhor que fechar 2021 com muitas gargalhadas. É com este entendimento que o emblemático grupo teatral Juventude em Marcha resolveu retomar uma tradição anual de antes da pandemia da Covid-19 de estrear mais uma peça inédito em São Vicente antes do dia de São Silvestre. Trata-se da tragicomédia “Pinha ma Kentei”, que vai subir ao palco do Centro Cultural do Mindelo nos últimos dias do ano, 27, 28 e 29 do corrente.

Em entrevista ao Mindelinsite, Jorge Martins confirmou que este é mais um trabalho que surgiu durante a pandemia. “Esta deve ser a nossa 40ª produção. Perdemos de quantas peças já fizemos porque durante a pandemia da Covid-19 fizemos algumas sketches (peças de curta duração), mas é algo que vamos contabilizar porque é importante saber,” explicou. Sobre “Pinha ma Kentei”, segundo o presidente e um dos fundadores do grupo, é um espectáculo com 1h10 minutos de duração e presta uma homenagem ao homem das montanhas, que trabalharam arduamente, com dignidade, caráter e honra, na construção das estradas e levadas agrícolas na ilha de Santo Antão. “Tem toda uma história a volta de dois irmãos gémeos – Pinha ma Kentei –, que são submetidos a todo o tipo de sacrifício, mas conseguem sobreviver. É uma história de resiliência das pessoas da ilha de Santo Antão”, pontua.

Publicidade

Toda esta vivência é permeada por muito humor sarcástico, com expressões de genuínas da ilha das montanhas. “A peça tem um elenco de 10 actores”, acrescenta este entrevistado, realçando que já uma tradição o Juventude em Marcha encerrar as actividades anuais em São Vicente. Aliás, o público exige pelo menos três espectáculos no fim-de-ano. “Esperamos casa cheia. Temos sido abordados por muitas pessoas, tanto na rua como por telefone, e as pessoas estão ansiosas. Foi quase que uma exigência para continuarmos esta tradição, bem presente e aclamada em S. Vicente.”

Outros idiomas

Mesmo após três décadas e meia da sua criação, o grupo mantém a sua essencia, definida no seu Estatuto de trabalhar no sentido de preservar, salvaguardar e promover a cultura cabo-verdiana. “Queremos dar um salto mais além a nível da internacionalização do nosso teatro porque temos muita demanda no estrangeiro. Por isso, a preocupação em fazer teatro não só em crioulo e português, mas também em inglês e francês. Neste sentido, estamos a pensar trabalhar a peça Cabo Verde, terra sabe, que já tem os idiomas misturados – inglês, crioulo e português – e foi uma experiência muito agradável. Foi apresentado em Holanda e a aceitação foi extraordinária. É algo que iremos repetir.”

Publicidade

Relativamente ao número de actores, de acordo com Martins, houve uma ligeira redução, como forma de baixar as despesas de deslocação. “Por causa disso, temos vindo a fazer um trabalho diferente, no sentido de fazer intercâmbios e troca de experiência com outros grupos e outros actores. Por isso, temos peças de teatro em que tentamos trazer as boas relações que devem existir entre os diversos agentes culturais e, sempre que possível, recrutamos alguns elementos de outros grupos e de outras ilhas para formar o elenco. Já fizemos isso na Praia, no Sal, Santo Antão e São Vicente, mantendo, no entanto, o núcleo original do Juventude em Marcha.”

São novos desafios desde grupo, que celebrou os 37 anos de existência, mas que continua a renovar e a dar o seu contributo para o teatro de Cabo Verde. Do seu currículo constam cerca de quatro dezenas de peça e a longa-metragem “Canjana”, um filme com duração de 80 minutos que revive as fomes da década de 1940, resultante da 2ª Guerra Mundial. Mostra ainda a importância do encalhe da embarcação John Schmeltzer na ilha de Santo Antão. Para além de “Canjana”, outras peças teatrais, caso de “Rabo de Bruxa”, “Problemas de Família, “Partilha das Almas” e Preço de um contrabando” também foram levadas em cena.

Publicidade

O espectáculo “Pinha ma Kentei” do grupo Juventude em Marcha estreia-se agora no Centro Cultural do Mindelo, nos dias 27, 28 e 29, depois de uma primeira apresentação no Sal nos primeiros dias deste mês, numa parceria com o grupo teatral Djad´Sal. Segue depois em tournée para todas as demais ilhas de Cabo Verde.

Mostrar mais

Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo