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Cultura

ICIEG lança 3ª edição do concurso “Contos Igualdade de Género” – Mudar comportamentos, promover uma cultura igualitária

O Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade de Género lança esta quarta-feira a 3ª edição do Concurso Contos Igualdade de Género, no auditório Padre Pio, no Fogo. A escolha da ilha, de acordo com a presidente do ICIEG, Rosana Almeida, deve-se ao facto de ter registado nos últimos meses um aumento de casos de Violência Baseada no Género (VBG). “Esperamos com este concurso aferir o nível da assunção das questões do género por parte dos jovens e também despertar neles a necessidade de promover uma cultura igualitária, uma mudança de comportamentos”, frisa a entrevistada do Mindelinsite.

Segundo Rosana Almeida, este é um concurso lançado a nível nacional e tem como público-alvo os alunos das escolas secundárias de todo o país. “O ICIEG tem estado a apostar nos jovens para uma mudança de mentalidade e para uma cultura de tolerância e não violência”, explica esta responsável, realçando que estudos feitos para a implementação da Lei VBG em Cabo Verde revelam que os jovens já não aceitam a naturalização da violência.

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Porém, prossegue, há ainda muito trabalho a fazer, sobretudo em algumas ilhas, caso do Fogo. “Fogo vinha dando sinais positivos de uma diminuição considerável da VBG. Mas, nos últimos anos, notamos um aumento de casos, segundo dados da Polícia Nacional, e encontra-se no top-3 em femicídios. Por isso, escolhemos esta ilha para trabalhar junto dos jovens e da população em geral. Há indícios que apontam para alguma preocupação, nomeadamente a nível da violência sexual”, afirmaAlmeida, que destaca neste sentido o agendamento de duas ações de capacitação e sensibilização dos estudantes do 9º ano da E.S. Teixeira de Sousa e líderes comunitários, nos dias 10 e 11, com apoio das Nações Unidas.

Alunos E.S Teixeira de Sousa em formação

Reproduzir comportamentos

Rosana Almeida sinaliza alguns comportamentos desviantes por parte de rapazes que reproduzem aquilo que vivenciam em casa e que a sociedade aprova. “Ainda há um machismo evidente. Há que trabalhar para uma mudança de comportamento. É neste sentido que vamos lançar este concurso na ilha, em parceria com a Unitel TMais. A taxa de femicídio voltou a dar sinal, embora os números não sejam alarmantes”, indica, frisando que esta tem vindo a diminuir e, o mais importante, a sociedade não está a aceitar e quando acontece um caso este é falado e divulgado. “Em 2018 tivemos 8 casos de femicídio mas, desde então, registamos uma diminuição significativa, a volta dos 90 por cento”.

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Mesmo assim, entende a presidente do ICIEG que Fogo merece um pacto municipal para as questões que têm a ver com a tolerância, a VBG e a violação sexual para que possa sair da lista das ilhas com mais casos. Da parte do ICIEG, afirma, a aposta recaí na camada mais jovem, diz Rosana, para quem este concurso de contos serve, no fundo, para avaliar o nível da assunção das questões do género por parte da juventude e também para despertar nela a necessidade de promover uma cultura igualitária. “Pretendemos que a geração de jovens seja de facto de igualdade e, isso só é possível, se estiverem conscientes dos seus deveres, na promoção da tolerância e para a igualdade no país.”

Neste sentido, a ICIEG tem vindo a descentralizar as suas acções de formação e actividades de sensibilização. A título de exemplo, recorda, a 2ª edição concurso “Contos Igualdade de Género” foi lançada na Escola Técnica Grão-Duque Henri na Assomada. Os vencedores foram Romise Barreto do Liceu Domingos Ramos, seguida por Marta Lopes da Escola Secundária Pedro Verona Pires do Fogo e Stella Rocha da Escola Técnica João Varela da ilha de Santo Antão.

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Conto 1º Classificado na 1ª edição do concurso

Já a 1ª edição foi lançada em Maio de 2018 na Escola Secundária Horace Silver, na Cidade do Porto Inglês, e abrangeu todos os liceus de Cabo Verde. Os propósitos iniciais se mantém: aumentar o engajamento e o nível de conhecimento dos alunos sobre questões que têm a ver com a igualdade de género. Em 1º lugar ficou o conto “Amar até doer?” escrito pela aluna Jennifer Rosa, da Escola Secundária Horace Silver, ilha do Maio. Em 2º o contro “E agora Beatriz? Da autoria de Claudeth Brito, estudante da Escola Industrial e Comercial do Mindelo, com “E agora Beatriz? e, em 3º, o contro “A guerreira Maria”, de Yuri Dias da Escola Secundária Jorge Barbosa, também em S. Vicente.

Os prémios para esta edição, refira-se, são uma oferta da Unitel T+ e consistem em 1 portátil para o 1º, um tablet para o 2º e um telemóvel digital para o 3º classificado. Haverá prémio de participação para os restantes.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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