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Carnaval: MCIC garante primeira tranche aos grupos ainda no 1º trimestre

O Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas garantiu hoje no Mindelo que a primeira parcela do bolo de 10 mil contos, aprovado no Orçamento de Estado 2022 para o Carnaval 2022, entretanto cancelado, será entregue aos grupos formais ainda neste primeiro trimestre deste ano, cabendo a cada agremiação de São Vicente o montante de 500 mil escudos. Abraão Vicente fez esta declaração após reunir-se com os membros da Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de São Vicente (Ligoc SV) e o representante do Mandinga da Ribeira Bote. 

A reunião teve como objectivo, muito mais do que mostrar o alinhamento quanto ao cancelamento do Carnaval 2022 ditado pelas circunstâncias, construir soluções para a manutenção desta festa como indústria e como maior evento de entretenimento popular realizada anualmente em Cabo Verde “Pelo facto de estarmos há dois anos sem Carnaval há uma fragilização da classe dos carnavalescos e dos que fazem e vivem esta festa. Neste sentido, iremos fazer a transferência da primeira tranche ainda este trimestre. Esta visa, exatamente, a gestão e a mitigação das dificuldades porque passam partes destes agentes. A transferência será feita para a Ligoc, que fará o pagamento aos agentes que forem localizados em cada um dos grupos e que perderam os rendimentos, não no sentido de compensar, mas sim de fomentar ou ajudar a gerar mais receitas a partir desta verba inicial”, afirmou o governante.

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Verba para empoderar grupos

No caso da Ligoc, Abraão Vicente explicou que o montante vai garantir a continuação de acções formativas em toda a cadeia de valores do Carnaval, desde os carnavalescos, aquisição de materiais e equipamentos para os ensaios, organização e saída dos grupos na avenida, o empoderamento a nível da direcção, gestão dos recursos humanos e captação dos recursos, e pedagogia nos bairros a cerca das novas regras dos desfiles. É que, entende a tutela, quanto melhor o público entender os critérios de avaliação, menos polémica haverá à volta dos resultados. 

“Iremos dar um particular destaque à parte social, que se estenderá a todos que estão na indústria do Carnaval. Estamos a falar de acções formativas para costureiras e os artesãos que fazem os adereços, para formatar escolas ligadas a danças e tudo o que é coreografia e a indústria do Carnaval”, clarifica, realçando que o MCIC vai propor a pelo menos duas organizações internacionais já sinalizadas para realizarem um Plano Estratégico para o Carnaval.

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O objectivo é garantir a sustentabilidade da Festa do Rei Momo. E, para mostrar que não se trata de mais um anúncio avulso, Abraão Vicente avançou que já na próxima semana, no Conselho de Ministros a realizar-se no Mindelo, terá lugar o primeiro Conselho Estratégico da Zona Económica Especial Marítima de S. Vicente. E a indústria criativa e cultural faz parte de uma das alavancas do planeamento deixado pelo grupo responsável pela implementação da ZEEM-SV. “A forte valência cultural do Mindelo é alavancada principalmente pela indústria do Carnaval. O que iremos fazer é perceber como enquadrar o financiamento desta festa dentro dos projectos macros que estão a ser realizados em S. Vicente, nomeadamente o lançamento do Terminal do Cruzeiros e a criação das condições para a passagem do Ocean Race. Vamos definir como enquadrar e criar um calendário do Carnaval para que os grupos possam ter um rendimento ao longo do ano”, assegurou.

Mandingas

Relativamente aos mandingas, o Ministro da Cultura congratulou-se com o facto de ser a primeira vez que o governo tem um contacto de parceria com esta “força popular”, que nunca pediram, pelo menos formalmente, qualquer tipo de apoio ao Governo. Sobre este particular, Vicente lembrou que os mandingas são a força do povo na sua forma mais espontânea. “Partindo de uma zona emblemática do Mindelo, Ribeira Bote, chegamos à conclusão que era preciso primeiro formalizar uma escola de ritmo e dança ligado aos mandingas desta zona, que têm um trabalho social ligado às crianças que frequentam o polivalente da Ribeira Bote para se entenderem e sairem da rua. O que propomos é fornecer o kit necessário para que estas crianças tenham um instrumento de aprendizagem de ritmo, ou seja, fazer uma espécie de escola.”

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Vicente deixa em aberto a possibilidade do ministério vir a fechar acordos similares com os mandingas das outras zonas da ilha, que venham a submeter projectos sociais, nos respectivos bairros, mas também que possam abarcar os turistas interessados em participar em workshops com membros de mandingas. Mais adiantado está o Mandinga da R. Bote com quem o MCIC espera rubricar um protocolo e que deverá receber em breve uma primeira tranche do apoio para alavancar o projecto. “Iremos dar uma assessoria muito directa aos Mandingas da Ribeira Bote para a formalização da escola de ritmo e de dança de mandinga nesta zona. Iremos igualmente financiar os tradicionais almoços de domingo no estaleiro, a partir do momento em que as condições sanitárias assim o permitir. Isso porque vemos neste encontro não apenas um convívio, mas sim um momento social, recreativo e de engajamento da comunidade com as causas que esta associação quer delinear.”

Fórum Carnaval

Relativamente ao “Fórum Pensar o Carnaval ” agendado para 2021 em São Vicente, entretanto adiado devido a Covid-19, o Ministro garantiu que logo que a pandemia der sinal de abrandamento será fechada uma nova data. O que se pretende, afirma, é definir e estruturar o Carnaval num horizonte de cinco anos já com algum instrumento formal, designadamente o Plano Estratégico. Sobre este particular, segundo o governante, a partir do momento em que se lançou a ideia deste encontro de reflexão alargado, a tutela foi abordada por vários grupos das ilhas do Sal, Boa Vista e Santiago manifestando interesse em participar. “O Carnaval, a partir do Mindelo, poderá galvanizar e pensar como é que a indústria carnavalesca pode dar um contributo económico para Cabo Verde”, remata.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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