Bitú expõe pinturas e esculturas reproduzindo a “Alma Kriola”
O Centro Cultural do Mindelo recebe a partir das 18h30 de hoje uma exposição de pintura e de escultura denominada “Alma Kriola”, do artista plástico mindelense Bitu Alves. Vão estar a mostra 12 quadros e cinco esculturas de artistas cabo-verdianos reconhecidos no país, mas também na diáspora, como forma de os valorizar e despertar o interesse dos jovens em pesquisar e conhecer a sua história.
A exposição integra a temática “A imagética em Cabo Verde”, que foi também mote para Recipro-cidade, um pensamento transnacional de artistas em movimento sem fronteiras que colocam no centro da sua atenção a troca. “Uma troca feita de igual para igual com uma amizade que se quer forjada na base da sinceridade”, lê-se na nota de imprensa do Ministério da Cultura e das Industrias Criativas.
Em declarações ao Mindelinsite ainda a dar os retoques finais nas peças que vão estar expostas até meados de Setembro no CCM, Bitú Alves explica que há algum tempo vem preparando esta exposição com o propósito de mostrar o seu trabalho de escultura. “Decidi retratar figuras por quem tenho uma enorme consideração: Ildo Lobo, Cesária Évora, Bana, Manuel d’ Novas e Nhô Roque. São figuras de Cabo Verde e também da nossa cultura e que, infelizmente, não são reconhecidos pelos jovens.”
Mas este artista, que é conhecido em São Vicente como carnavalesco do grupo Estrelas do Mar, não pretende parar por aqui. Como faz questão de frisar, a sua intenção é esculpir todas as figuras relevantes de Cabo Verde. “Quis fazer estas esculturas por uma satisfação pessoal, mas se alguém interessar em colocá-los em algum lugar, estão disponíveis”, enfatizou, realçando que, na sua concepção, seguiu o mesmo processo utilizado no Carnaval, com recurso a poliuretano e massa.
“Caso alguém mostrar interesse em reproduzir as esculturas, há um sistema em que fazemos moldes de fibra para que possam ganhar mais resistência e possam ser expostos em qualquer espaço, seja na rua ou em lugares fechados”, clarificou Bitú Alves, que admite querer aproveitar esta época de férias em que o número de visitantes aumenta em S. Vicente para dar uma maior visibilidade ao seu trabalho.
“As pessoas me conhecem mais por meu trabalho no Carnaval e a pintura. Quero mostrar também o meu potencial a nível da escultura, que está também ligado a pintura. São técnicas diferentes, mas com linhagens muito similares”, acrescentou este artista, que justifica a escolha do título da exposição “Alma Kriola” por entender que as figuras retratadas fazem parte da nossa alma e da nossa raiz.
“São pessoas que admirei enquanto estavam vivos e cujo trabalho continuo a admirar mesmo depois de mortos e quero que a camada jovem conheça e reflita um pouco sobre aquilo que fizeram. Hoje estas figuras são recordadas sobretudo por pessoas como eu, acima dos 50 anos”, lamentou Betú Alves.