A Associação Terra Tambor retoma amanhã, 24 de junho, a marcha de romaria de San Jon para Ribeira de Julião, em São Vicente, após uma paragem de dois anos devido a pandemia da Covid-19. A concentração será na Avenida Marginal, a partir das 15 horas, com partida em direcção a Ribeira de Julião, onde estão previstas apresentações expontâneas de colá San Jon e tamboreiros.
Em declarações ao Mindelinsite, Tony Tavares explicou que este ano a associação pretende fazer apenas a celebração do dia 24 porque ainda estão a tentar recuperar a anterior dinâmica. Neste sentido lança um apelo à participação voluntária de tocadores, bailarinos, grupos organizados a marcarem presença nesta marcha. “Vamos concentrar-nos na Avenida Marginal, na pequena praceta localizada entre os dois hotéis em construção. Seguiremos o percurso habitual, ou seja, da Avenida entramos na Rua de Lisboa, Rua de Coco, Praça Estrela e, de seguida, Ribeira de Julião. Esperamos ir integrando as pessoas ao longo deste percurso”, detalha Tavares.
Lá os grupos de professores, alunos e outros interessados, mas também os tamboreiros poderão se apresentar para a população presente. “Aproveitamos para avisar que no dia 06 de julho Terra Tambor vai realizar a sua assembleia-geral para podermos começar a trabalhar já para o próximo ano e celebrar o San Jon 2023”, enfatiza Tavares, para quem esta paragem involuntária acabou por afectar o trabalho de recuperação da tradição que vinha sendo feita pela Associação Terra Tambor.
“Infelizmente, as pessoas acabaram por dispersar. Somos uma associação que labora em forma de voluntariado. Contamos com a participação de pessoas que vêm de fora e que se inscrevem para dar o seu contributo. Então, nestes dois anos, perdemos grande parte deste contacto e desta espontaneidade. Estamos a retomar aos poucos”, refere.
Tony Tavares exemplifica com o trabalho de parceria que Terra Tambor vinha realizando com tocadores de Santo Antão e com muitos alunos, que acabou por esvaziar. “Tínhamos já cerca de 40 pessoas a trabalhar connosco e uma grande dinâmica. Esta paragem foi terrível para nós. Então este ano decidimos fazer esta marcha simbolicamente para tentar recuperar todo o trabalho feito. No próximo ano esperamos fazer algo mais forte, até porque, com a renovação dos órgãos sociais da Associação Terra Tambor no dia 06 de julho, iremos meter mãos à obra”.
O propósito é evitar a descaracterização da festa de San Jon. “Não queremos de forma nenhuma que esta festa seja transformada num festival. Ribeira de Julião é um local de ritual de São João”, enfatiza Tavares. Isso, numa altura em que a localidade já está tomada de barracas de comes e bebes e a Câmara Municipal divulgou uma programação com dois dias de música ao vivo, com actuações de Andreia Silva, Derick Salomão, Rui Last One, Bulimundo, Riza Sanches & Lateral, Rause & Banda, Edson Oliveira & Carmen Silva e Constantino Cardoso & Banda e Gay.
“Não queremos que a festa de San Jon seja um outro Baía das Gatas. Os dois dias de música programados pela CMSV têm pouco a ver com San Jon. É preciso ter algum cuidado porque o espaço tem de ser preservado. A Terra Tambor pretende trabalhar junto do Instituto do Património Cultural e do Ministério da Cultura no sentido de transformar as festas num património nacional porque em quase todo o país é feito este ritual. É uma altura em que dançamos muito e temos de o preservar ”, conclui.