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Samba Tropical faz desfile emocionante e coroa Luísa Morazzo Imperatriz do Carnaval de São Vicente

A Escola de Samba Tropical fez na noite de ontem um desfile imenso, colorido e com muito brilho, mas sobretudo emocionante, tendo em conta o enredo “Reviver o Passado é Celebrar Duas Vezes”, cujo momento mais simbólico foi uma homenagem à “Mana Luísa”, a fundadora deste emblemático grupo carnavalesco. Dona Luísa Morazzo, que entrou na avenida trajada de Iemanjá debaixo de um “Luar de Prata”, que foi tema escolhido nos 25 anos do grupo, recebeu na Rua de Lisboa a coroa de Imperatriz do Carnaval de São Vicente.

Depois de dois anos sem Carnaval, os figurantes e o público estavam ansiosos e expectante quando ao trabalho que Samba Tropical iria apresentar. E, uma vez mais, não decepcionou. Colocou na avenida1.200 foliões, 22 alas – incluindo duas exclusivas de emigrantes -, um carro alegórico, um tripé e, por onde passava, convidava os milhares de espectadores que lotaram todas as ruas de morada a “soltar a voz e cantar a história deste povo junto com Samba Tropical.”

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Rainha bateria Jéssica Lopes

Segundo David Leite, Samba Tropical fez um desfile com muita emoção por várias razões. Primeiro porque o enredo, por si só, é emocionante, mas também porque estavam ansiosos para fazer esta homenagem à ex-presidente Luísa Morazzo. “Preparamo-nos para entrar na avenida e mostrar um grande carnaval. Infelizmente tivemos uma grande tristeza porque perdemos nossa parceira. Mas viemos celebrar a vida, a alegria e a felicidade porque acreditamos que Cely Freitas gostaria de ver nosso desfile. Ela nos ajudou muito”, frisou, destacando a emoção e surpresa de coroar Dona Luísa Imperatriz do Carnaval de S. Vicente em plena rua de Lisboa, numa cerimónia que a todos tocou.

Coroação Luísa Morazzo Imperatriz Carnaval S. Vicente

Relativamente ao desfile, explicou que, cada uma das 22 alas representou um enredo de outros carnavais, com uma nova roupagem. Por exemplo, a bateria trouxe o tema “África, Lendas e Mistérios” de 2012. Trouxeram ainda a ala “Uma ilha chamada diáspora”, de 2005, “As 7 maravilhas do Mundo”, de 2017, de entre outros. “Trouxemos os enredos que simbolizam Dona Luísa nos 25 anos em que esteve à frente do grupo, com uma outra roupagem, com mais brilho e actualizados. E, desta vez, ela que nunca desfilou em andores, veio num pequeno-carro-alegórico, numa estratégia do grupo porque ela sempre foi devota de Iemanjá. Então resolvemos trazê-la vestida de Iemanjá, debaixo de um luar de prata, que foi o enredo de 2013, altura em que celebramos as bodas de prata e ela entregou a direcção.” 

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Outra novidade é que este ano Samba trouxe duas alas exclusivas de emigrantes, uma intitulada “Trá tchapéu pe nos emigrante” (2005) e outra numa alusão ao navio Ernestina, que veio dos Estados Unidos. O propósito, diz Daia Leite, foi lembrar que este barco emblemático teve como primeiro dono privado Alberto Pancrácio, um dos fundadores do grupo e recentemente falecido. “Temos ainda emigrantes como figuras de destaques e espalhados por outras alas. Também decidimos prestar uma homenagem ao sr. Alberto Pancrácio. Trouxemos os seus trajes originais que usou quando foi comandante do Ernestina, o capacete e as suas divisas, que foram gentilmente cedidos pela família.” 

Homenagem Alberto Pancrácio

Para Adilson da Cruz, um dos integrantes de uma das alas de emigrantes que veio directamente da Holanda, foi enorme a satisfação estar novamente no Carnaval de São Vicente. Apesar de ter nascido e crescido em São Vicente, afirmou, foi apenas nos últimos três anos que apanhou o gosto por esta festa. “O Carnaval só me entrou no sangue há três anos. Neste momento desafiei a mim mesmo a estar aqui novamente. Tinha desfilado uma primeira vez em 2012 no EST. Fui convidado pelo estilista Odair Pereira e estou aqui com grande prazer. Estamos um bocadinho cansados. Mas tudo correu muito bem. A nossa roupa foi desenhada e confeccionada pelo estilista Odair Pereira”, declarou

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Rainha da noite

Mas a “rainha da noite” desta segunda-feira de Carnaval em São Vicente foi, sem sombra de dúvidas, Luísa Morazzo, ela que distribuia sorrisos, chorava, emocionava e voltava a sorrir. “Estou muito emocionada. Fizemos um desfile com alegria e, acima de tudo, celebramos a vida com paz, solidariedade e amor, que são os valores que devemos ter sempre em pensamento. O dia foi da nossa escola e viemos aqui celebrar com muito amor e carinho porque o povo de São Vicente merece. Estou feliz de ver a minha escola e principalmente com esta homenagem. Foi uma grande supresa”, afirmou. 

Luisa Morazzo, que há uma década passou a “tocha” à nova direcção, jovem e dinâmica, mostrou-se igualmente orgulhosa do trabalho que vem sendo desenvolvido por aqueles que receberam dela esta “enorme responsabilidade” e que ontem resolveram homenageá-la. “A única palavra que me vem neste momento é gratidão. É muito gratificante todo este reconhecimento e alegria. Fiz o meu trabalho no Samba com muito amor e, acredito, foi muito bem feito porque está agora a ser reconhecido pela nova geração. É um enorme gesto de gratidão da minha escola, na pessoa do seu presidente e de toda a sua equipa. Mas penso que este reconhecimento não é individual é para o grupo de mulheres que se juntou para criar a Escola de Samba Tropical, a 17 de novembro de 1988”, concluiu. 

Mestre-sala Ednilson e porta-bandeira Leila Leite

Para o ministério da Cultura, o desfile apresentado pela Escola de Samba Tropical marca a entrada “com o pé direito” nesta festa muito aguardada e que continua hoje com os grupos oficiais.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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