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Montsú escolhe enredo “Terra d’índio em festa” para agradecer e celebrar o bairro que “gerou uma nação”

O grupo Montsu vai apresentar no sambódromo do Mindelo um desfile inspirado no enredo “Terra d’índio em festa – Celebração ao bairro que gerou uma nação”, um regresso às origens e um enorme reconhecimento a Monte Sossego, localidade que pulsa e respira Carnaval. O segredo foi desvendado ontem à noite na Avenida de Holanda, onde o grémio tri-campeão do Carnaval d’Soncent apresentou um espectáculo cujo ponto alto foi a revelação do enredo para o Carnaval 2025.

Para o presidente António “Patcha” Duarte, já era chegado o momento de Montsú reconhecer o que o bairro fez pelo grupo, que hoje está a celebrar os seus 40 anos de história. “É um momento de orgulho assumir o legado dos nossos ancestrais, que contribuíram de forma marcante para o percurso deste grupo. Tem sido um crescimento conjunto e isto eleva a nossa autoestima”, frisou Patcha num curto discurso feito a partir do palco para uma assistência que se mostrou entusiasmada com o enredo. Enfatiza que neste momento a palavra-chave é gratidão.

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O enredo foi concebido pela dupla Valdir Brito e Boss Brito em cuja sinopse recordam o momento original do nascimento do grupo da “terra d’índio”, quando, há 40 anos, aconteceu um desfile memorável organizado por cerca de 50 crianças repletas de sonhos. “Equiparam-se de latas de leite usadas e prontificaram-se para ser a bateria do grupo; uma padiola usada normalmente nas obras de construção civil ornamentada com fitas e outros enfeites transformou-se na grande alegoria”, revelam. Em princípio, esse desfile hitórico era para percorrer apenas duas ruas de Monte Sossego, mas, quando deram conta, estavam no meio d’morada desfilando com o apoio de uma multidão, qual um grémio oficial.  

Hoje, 40 anos percorridos, a bateria de latas de leite foi substituída por uma batucada que ultrapassa 200 tocadores, a mais numerosa de S. Vicente, e a padiola deu espaço a carros alegóricos com 16 metros de comprimento, também das maiores alegorias criadas em Cabo Verde. Além disso, os 50 foliões desse desfile “gatilho” já chegaram a atingir nos tempos actuais 2.000 figurantes, graças ao envolvimento da comunidade de Monte Sossego. Provas do quanto essa “brincadeira” cresceu e tornou-se hoje em “coisa séria”, com orçamentos de milhares de contos. Monte Sossego, também tratado por Montsú, hoje é referenciado como um grupo cultural que teve o condão de mobilizar uma “nação”.

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Se antigamente Monte Sossego era apelidado de “terra d’índio” de forma pejorativa, hoje essa expressão é o seu selo de marca e grito de guerra. “Sim, terra d’índio de certeza! Assim gritava a nossa gente quando outros queriam menosprezar-nos. Tentavam judiar-nos porque viam aquela terra vermelha agarrada nas nossas canelas, mas fizemos questão de mostrar que essa terra também estava sedimentada nos nossos corações”, diz o grupo, cujo logotipo destaca o rosto de um chefe índio.

Tricampeão do Carnaval do Mindelo, Monte Sossego será um dos cinco grémios que vão disputar o título este ano em S. Vicente, juntamente com Vindos do Oriente, Cruzeiros do Norte, Flores do Mindelo e Estrela do Mar.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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