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Mandingas de Fonte Filipe com imagem renovada e novo ‘feeling’ 

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Os Mandingas de Fonte Filipe estão de cara nova e com um ‘feeling’ ainda maior. O primeiro desfile ainda foi tímido, mas já no último domingo estavam mais organizados, com uma bateria mais potente, mais participantes e com mais gás. O presidente da direcção, Jandir “Sass” Gomes, garante que estão a tentar modernizar os mandingas, mas honrando os seus antecessores.

As mudanças são visíveis logo de cara: uma bandeira moderna, toda de preto e com uma fonte estilizada no centro em referência ao nome da zona, Fonte Filipe, uma espada segurada firmemente por uma mão de um mandinga. As letras usadas para escrever ‘Mandingas de Fonte Filipe”, também são estilizadas e as iniciais terminam em forma de saias de sissal, veste característico dos mandingas. 

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Não desfizemos da nossa bandeira antiga. Na primeira semana de janeiro ela foi içada em uma residência contígua ao nosso estaleiro para indicar onde é a nossa casa até o Carnaval. A nova bandeira nos acompanha nos nossos desfiles e representa o novo rosto dos mandingas de Fonte Filipe. É muito mais bonita e também mais digna. Também temos camisolas que repetem o padrão do nosso estandarte, o que dá uma imagem muito bonita aos nossos desfiles. Na nossa bandeira trazemos ainda o grito de guerra do antecessor, ‘Rotitá Djunga’, que decidimos também adoptar como nosso”, explica. 

Ala de crianças

Mas as mudanças não se ficam pela imagem. A nível interno, elegeram uma direcção composta por 12 pessoas da comunidade de Fonte Filipe e cada uma com a sua tarefa, por forma a distribuir responsabilidades. Igualmente, reforçaram a bateria com novos equipamentos. “Decidimos adquirir equipamentos próprios para dar maior consistência a nossa bateria. Mas muitos dos nossos tocadores também trazem os seus instrumentos, o que reforça ainda mais a nossa potencia”, descreve, lamentando no entanto que a pouca atenção que recebem dos órgãos da comunicação social pública.

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Quanto às camisolas, segundo Sass, foram oferecidos por emigrantes nos Estados Unidos. “São pessoas que gostam do nosso grupo de mandingas e que, quando estão em São Vicente em gozo de férias, nos acompanham nos desfiles. As camisolas, que têm o mesmo símbolo da nossa bandeira, estão a ser vendidas por um preço simbólico, para que as pessoas possam ter condições de comprar. Acabam por dar um aspecto mais organizado e bonito aos nossos desfiles”, indica.

Esta organização, acredita, está a atrair mais pessoas que gostam de brincar o Carnaval com civismo. Aliás, este é um dos lemas dos mandingas de Fonte Filipe, os mais antigos de São Vicente e que apostam apenas em mostrar a cultura da ilha. “Queremos manter a nossa autenticidade. Estamos aqui para mostrar a nossa cultura sem competir com ninguém. É por isso que temos pessoas de todas as idades connosco, crianças, adultos e idosos. Cada um brinca conforme a sua condição física, mas damos muita importância às nossas crianças porque são elas o futuro dos mandingas de Fonte Filipe.” 

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Camisola oficial dos Mandingas de Fonte Filipe

Criado há muitos anos por nomes conhecidos como Djunga, Páscoa, Miguel, Xanda e tantos outros já falecidos. Os mandingas de Fonte Filipe perderam fôlego e quase que desapareceram, mas começaram a reerguer no início da década de 2000 e hoje apresentam-se renovados e com outra garra. Mas, conforme faz questão de frisar o seu presidente, continua a apostar na tradição. 

Todos os anos montam o estaleiro na Casa Nova, Fonte Filipe. Aos domingos, a movimentação: fazem ou consertam os trajes, fabricam os adereços, confraternizam e fazem o almoço, que é oferecido aos participantes antes do desfile. Após o desfile, que normalmente termina por volta das 19 horas, regressam ao estaleiro para conviver, com música e venda de comida e bebidas. 

É uma formar de angariar algum fundo, que no final é canalizado para uma ação social, para adquirir algum instrumento para não ficarmos a depender de terceiros ou para uma festa com todos os mandingas. Para nós, fazer parte dos mandingas de Fonte Filipe é manter os nossos valores e honrar os nossos precursores”, diz lembrando que, no dia-a-dia, cada um tem a sua vida. 

Durante semana a direcção comunicam por mensagem para preparar o desfile e as atividades e reúne uma vez para fazer um pequeno balanço para analisar como correu o desfile e tentar introduzir melhorias. Já o domingo é inteiramente dedicado aos Mandingas de Fonte Filipe. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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