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Mandinga d’ Espia, uma “comunidade” que brinca Carnaval com amor

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Os Mandingas d’ Espia se apresentam como uma comunidade que gosta de brincar e de vivenciar o Carnaval. Todos os moradores contribuem para que, todos os anos, estejam a desfilar pelas ruas do Mindelo. O seu diferencial é que, para além dos mandingas, ainda trazem mascrinhas, uma tradição antiga que querem preservar. Garantem, por outro lado, que o seu som é diferente. 

Segundo o presidente dos Mandingas d’ Espia, Diamantino “Tix” Neves, foi da zona de Espia que partiu o primeiro grupo de mandingas há muitos anos para brincar nos domingos que antecedem o Carnaval. Eram jovens de Fonte Filipe e de outros bairros que não tinham um lugar para fazer a sua caracterização. “Um morador de Espia ofereceu a sua casa. Foi lá que pintaram de carvão, vestiram as suas saias de cordas de sisal e saíram para brincar, à frente de pessoas mascaradas.”

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Deste então, diz “Tix” os mandingas cresceram e expandiram para outros bairros da ilha de São Vicente, mas os d’ Espia mantiveram a sua essência. “O nosso grupo é composto apenas por pessoas da nossa comunidade, algumas de mascaras, como se fazia antigamente. Cada semana as pessoas aparecem com um style diferente. Nunca repetimos os nossos trajes. Também trazemos um tripé com fotografias a contar a nossa história ao longo dos anos”, refere. 

Outro diferencial dos Mandingas d ‘Espia é o pintar com carvão em conjunto. “Fazemos as pinturas em conjunto no estaleiro. Temos pais a pintar os filhos, jovens a ajudar ajudar os mais velhos. É também um momento de convívio e de união. Por isso, nunca tivemos qualquer acto violento no nosso desfile, algo reconhecido pela própria policia que nos acompanham ao longo de desfile.”

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Já as mascrinhas, diz, preferem caracterizar separadas por forma a surpreender o grupo e as pessoas que os acompanha e assim evitar que sejam reconhecidas. Por causa disse, de acordo com Tix, nunca sabem antecipadamente quantos mandingas ou mascrinhas vão ter nos seus desfiles. “Dependem muito da disponibilidade e do feeling das pessoas. As vezes temos muitos outras vezes em menor número. Mas sempre contamos com o apoio da nossa comunidade, que é o nosso grande patrocinador, seja com 50, 100 ou 200 escudos”, assegura.  

Este ano, de bónus, conseguiram um patrocínio privado, que tem dado suporte as suas actividades e custeado a recuperação dos seus instrumentos. Ontem, por exemplo, das 14 às 19 horas, colocaram insufláveis na zona para proporcionar um momento de diversão para as crianças de Espia. No final, ofereceram uma refeição para todos os que participaram e/ou apoiaram esta atividade. 

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Temos um enorme orgulho da nossa comunidade e queremos retribuir de alguma forma. Também aproveitamos para reforçar a nossa bateria. O nosso ritmo é diferente dos demais. É mais rápido e forte. Envolve às pessoas. Então temos de estar com a nossa bateria muito afinada”, acrescenta.

Sintonizada com os novos tempos, esta mandinga tem a sua página no facebook onde regista todas as suas actividades em fotografias e anuncia os seus desfiles. Por exemplo, hoje informa que o seu desfile arranca às 13h30, com partida de Espia e passagem por Cruz João Évora, Madeiralzinho, Chã de Alecrim, Lajinha, Escola Técnica, Praça Nova, Fonte Filipe e Espia, com previsto para às 19 horas.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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