A corrida aos bilhetes para as bancadas do sambódromo do Mindelo voltou a provocar uma enorme fila na rua do estádio Adérito Sena. A reportagem do Mindelinsite constatou esta manhã que a “corda humana” vinha do Centro de Estágio e estava a atravessar a esquina da academia Carlos Alhinho quando eram 8 horas. E durante muito tempo tudo parecia estar em modo pause: nada andava.
No último lugar da fila, Otalvino Andrade não tinha a mínima ideia de quando iria comprar os bilhetes, se, por acaso, restasse algum. Chegou ao local por volta das 8 horas com a intenção de conseguir 4 pulseiras para a família. Um problema, já que cada pessoa podia adquirir apenas dois ingressos para o desfile do Samba Tropical, dia 12, e dois para o dia 13. “A fila está enorme e há pessoal a vender lugares. Isto não podia estar a acontecer”, comenta Otalvino. Questionado sobre o preço dos bilhetes acha que é difícil ter uma opinião formada. “Não digo que seja justo, mas, se queremos um Carnaval mais profissional, temos de pagar.”
Para o jovem Christopher Júnior, o preço das pulseiras não é caro tendo em conta a qualidade dos desfiles, o trabalho desenvolvido pelos grupos e a comodidade propiciada. “Esta é a primeira vez que decido comprar bilhete e acho que foi boa ideia colocarem bancadas. Para mim ajudam a disciplinar o desfile e a proporcionar comodidade a quem quer ver o espectáculo em segurança”, considera o jovem, que pretendia adquirir 3 bilhetes.
Ainda muito longe da bilheteira, Flávio Silva deixou extravasar a sua indignação pela forma como os bilhetes estavam a ser vendidos. “Para mim isto é uma palhaçada. Não entendo como a Ligoc não permite a venda de bilhetes online e o uso do cartão Vinti4 e obriga todas as pessoas a virem comprar bilhete com dinheiro vivo numa única bilheteira”, enumera esse cidadão, que se levantou de madrugada para poder adquirir os seus bilhetes.
Na sua opinião, a liga está a abusar do seu poder e não aceita que em 2024, com tanta tecnologia disponível, ainda se obrigue as pessoas a fazerem bicha. Ele que também criticou as tantas bancadas colocadas na Praça Nova, uma zona que, do seu ponto de vista, deveria manter espaços livres para permitir a circulação de pessoas.
Um dos pontos criticados por Elson Rocha foi o chamado “mercado negro”, sem o mínimo controlo dos agentes policiais presentes. “Isto lembra-me o tempo de ´botxada´ no cinema Tuta. As pessoas colocavam pedras para marcar lugar. Ainda continuamos com esta prática, como se pedra fosse gente”, assinala. Pior ainda, diz esse jovem, é que o pessoal resolveu desta vez marcar lugar até com bidê, selha de lavar roupa e cães vadios… Tude e bada! Depois vendiam os “seus lugares” por 1.000 escudos.
Curiosamente, o jornalista do Mindelinsite foi abordado por um jovem que estava a vender um lugar. Só que, no caso de Marcelo Ramos, ele estava a marcar pessoalmente o lugar. “Acho um desrespeito virem colocar pedras, blocos, bidês e selhas para marcar lugar. Casta de cosa ê esse?! E o interessante é que vão para casa, deixam esses objectos por aqui, sujam a cidade e vêm depois apontar o dedo a Ti Guste (Augusto Neves – presidente da Câmara de S. Vicente)”, disse alto e em bom som, comentário esse que despertou risadas nos presentes. Para esse jovem, é normal alguém querer ganhar algo, mas sem exagerar.
Bem mais à frente, precisamente na bilheteira, Risanda Soares estava a leste da polémica. Chegou às 5.30 e eram quase 9 horas quando comprou dois bilhetes para o show do Samba e dois para o do desfile do concurso oficial. “Tude trankil!”