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Cruzeiros do Norte enche polivalente da Ribeira Bote no seu primeiro ensaio-show “fora de casa”

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O grupo carnavalesco Cruzeiros do Norte lotou o polivalente da Ribeira Bote na noite de sábado, 15, no seu primeiro ensaio-show para o Carnaval 2025 realizado fora de casa. A directora de Carnaval desta agremiação da zona norte, Maria José Évora, justifica esta atividade dizendo que a actividade se enquadra na plataforma do grupo de “carregar” o carnaval para os diferentes bairros da ilha de São Vicente. 

“Esta é uma prática que iniciamos no ano passado. Estivemos nas zonas de Bela Vista, Ribeirinha e Ribeira Bote. É uma forma de levarmos um pouco do Carnaval de Cruz João Évora para outros bairros, principalmente permitir que as pessoas mais idosas, que não conseguem acompanhar os ensaios por causa do frio ou por outras razões, possam ver o nosso trabalho”, explicou esta responsável. 

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Maria José admite que esta é uma forma também de angariar mais foliões porque acaba por motivar as pessoas a se aproximarem e a se inscrever. Quanto ao trabalho em si, a menos de um mês do desfile, esta responsável garante que estão a sentir-se seguros com as suas alas e carros alegóricos. “Nesta recta final, realmente é mais intenso. Mas, neste momento, já temos muito do nosso trabalho concluído. Todas as nossas alas já ultrapassaram os 75% de figurantes perspectivados e estamos a dar o nosso máximo porque este ano queremos ser campeões. É o nosso objectivo”, assegura.

A expectativa, diz esta dirigente dos Cruzeiros, é atingir os mil e 200 foliões. Contudo, tendo em conta o número de grupos – oficiais e não oficiais – que estão a recrutar figurantes, ficam satisfeitos por chegar aos mil. Isto porque, afirma, todos os grupos estão no terreno e há muitas dificuldades financeiras. “Da forma que o Governo, através do Ministério da Cultura, e a Câmara Municipal desembolsam as verbas tão tarde não dá muito espaço de manobra aos grupos para apoiar os foliões.”

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Para esta responsável, este é um dos principais constrangimentos com que os grupos de Carnaval de S. Vicente se debatem, não obstante a questão da disponibilização atempada das verbas ser discutida em quase todas as reuniões. “Entendo que, nesta altura, é uma vergonha para as autoridades porque atrasam o trabalho dos grupos. Da forma como o Carnaval está estruturado não se justifica, até porque trabalhamos o ano inteiro. Sinto-me triste de ver os presidentes a correr atrás dos apoios.”

Maria José culpa também os foliões, que muitas vezes demoram para procurar as costureiras e os ateliês para informar sobre os trajes e adereços. Mas a sua maior reivindicação é sobre a forma como o Carnaval é organizado atualmente. “É difícil aceitar, nesta altura, o mau funcionamento da Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval-Ligoc. Ver os mesmos jurados que, a priori, definem quem deve ganhar, sendo que estes sequer se dão ao trabalho de fazer o trabalho de casa ,” desabafa.

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Também a nível da logística, afirma, existem grupos que são privilegiados. Cita a título de exemplo a dificuldade em colocar as damas e rainhas nos carros-alegóricos, que é uma responsabilidade que ultrapassa as agremiações. Isto porque os grupos não têm máquinas próprias. “Muitas vezes batemos na porta de pessoas que gostam do Cruzeiros para nos apoiar, mas recusam porque, muitas vezes, a CMSV atrasa os pagamentos por este serviço. E, por causa disso, não nos sentimos bem por insistir.” 

O ensaio-show do Cruzeiros do Norte teve uma apresentação solo da Bateria Ritmo do Norte e do grupo de dança Heaven Angels, seguido de um ensaio-técnico com presença do Mestre-sala e Porta-bandeira, Rainha de bateria, passistas e figurantes.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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