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Carnaval reforça identidade cultural do povo de S. Vicente, promove Mindelo como destino turístico e dinamiza a economia, aponta estudo do ISCEE

O Carnaval Mindelo 2023 maravilhou os espectadores cabo-verdianos residentes em S. Vicente e vindos das outras ilhas, indica um estudo do Observatório de Turismo do ISCEE. A maioria dos 250 inquiridos, 99% dos quais da chamada ilha do Monte Cara, considerou o evento um dinamizador da economia da Cidade do Mindelo, uma atração turística e um marco que reforça a identidade cultural dos mindelenses. O Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais pretende realizar um novo inquérito este ano, agora direcionado para os turistas, mas, segundo o docente e coordenador Américo Lopes, precisa ainda garantir a colaboração de algumas instituições.

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Um estudo realizado pelo ISCEE sobre o perfil dos espectadores do Carnaval do Mindelo 2023 e a forma como avaliam o evento revela uma opinião generalizada positiva dos entrevistados sobre o desfile do ano passado. Em termos globais, o inquérito abrangeu 250 pessoas, escolhidas de forma aleatória, tendo 52,1% dos espectadores ficado satisfeito com a qualidade da festa do Rei Momo do ano passado e 24,3% manifestou-se mesmo “muito agradado”. Para os entrevistados – 99,2 por cento dos quais residentes em S. Vicente – há uma tendência clara de evolução dos desfiles em relação ao passado e 52,7% considera o Carnaval um acontecimento “muito importante” para o desenvolvimento do turismo na ilha do Monte Cara. Metade dos inquiridos considerou muito provável voltar a assistir ao Carnaval e que venha a recomendar a festa aos familiares e amigos.

No que concerne à dimensão económica, em média os espectadores concordaram que o Carnaval tem contribuído para atrair mais investimentos para S. Vicente, gerar oportunidades de emprego, promover o comércio local e catapultar a Cidade do Mindelo a nível turístico. Acham, no entanto, que o evento caba por provocar o aumento dos preços dos bens e serviços e que beneficia um pequeno grupo de residentes.

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A amostra, que foi abordada nos dias seguintes ao término do desfile, não soube precisar, entretanto, a contribuição concreta do Carnaval no desenvolvimento das infraestruturas públicas em S. Vicente e indicar outros serviços que podem ser usados pelos residentes após o evento para o aumento do rendimento familiar.

A maioria está ciente da dimensão cultural do Carnaval d’ Soncent. Os entrevistados afirmam que o espectáculo contribui para a criação de alternativas de recreação e lazer, para reforçar a identidade cultural do mindelense e o orgulho de quem vive em S. Vicente. Porém, dizem, a festa tende a tornar a Cidade do Mindelo mais perigosa, a aumentar o congestionamento e o tráfego urbano.

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Na verdade, a maioria das pessoas entrevistadas não soube precisar se o Carnaval é um elemento que perturba e tira a paz aos moradores. Estão cientes, no entanto, que essa manifestação popular não coloca em risco o património histórico/cultural de S. Vicente.

No tocante ao impacto ambiental, os inquiridos concordam que o Carnaval contribui para aumentar a poluição sonora. “Por outro lado, grande parte nem concorda nem discorda que o evento tem ajudado a aumentar a sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade local, bem como para melhorar a limpeza e higiene dos espaços públicos”, conclui o estudo.

A maioria, acrescenta o documento, concorda que os impactos positivos do Carnaval superam os aspectos negativos e que S. Vicente deve sediar outros eventos dessa dimensão. “No entanto, a maior parte não possui uma opinião concreta se os ganhos económicos ultrapassam o investimento feito para a organização do evento.

Os incentivos ao Carnaval devem continuar para 97,4 por cento dos inquiridos, enquanto 2,6% tem opinião contrária. Na mesma linha, 71,1% considera que o apoio ao Carnaval é ainda insuficiente, em oposição a 28,9% que pensa o contrário.

Dos 250 entrevistados, 24 vieram de outras ilhas, tendo 90% organizado a sua própria viagem, isto é, sem a intervenção de uma agência. Outro dado é que 55,6% veio sozinho, enquanto 33,3 por centro viajou em grupos. Setenta por cento deslocou-se de barco e os restantes de avião.

Quase 64% ficou hospedado em casa de parentes, 18,2% em residenciais, 9,1% em hotéis e 9,1 em residência própria. Ficou assente que o Carnaval foi o principal motivo da viagem para 90,9%, mas houve quem tenha aproveitado o evento como incentivo para quebrar a sua rotina e poder estar com amigos. Outras motivações estiveram relacionadas com a vontade de conhecerem o centro histórico do Mindelo, saborear a gastronomia local, sentir-se livre para fazer o que bem entender e realizar actividades diferentes. Deste modo, 72,7% aproveitou a estadia para fazer compras, enquanto 63,6% preferiu curtir os ambientes de diversão noturna.

Cada um dos 250 visitantes abordados gastou, em média, 6.000 escudos por dia durante o tempo de estadia. Os maiores gastos foram com actividades recreativas, culturais, desportivas e compras. Os gastos de menor monta foram com o transporte e a alimentação.

Os visitantes das outras ilhas avaliaram com nota positiva a hospedagem, opções gastronómicas e a hospitalidade da população mindelense. Quanto a mobilidade/transporte, informação turística, sinalização turística, entretenimento e limpeza urbana disseram que foram razoáveis.

A segurança urbana, por sua vez, obteve uma excelente classificação da parte desses visitantes, que também ficaram bem impressionados com a própria Cidade do Mindelo.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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