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Carnaval

Boss prevê concentração expressiva de foliões no “protesto do Carnaval” em S. Vicente

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O artista plástico João “Boss” Brito prevê uma participação expressiva de pessoas no protesto marcado para esta terça-feira do Carnaval na cidade do Mindelo, pelas mensagens de apoio que tem recebido e a reação manifestada nas redes sociais por foliões, músicos e empresários. Segundo Boss, tal como ele, essas pessoas acreditam que S. Vicente tem sido discriminada pelas autoridades sanitárias e policiais na aplicação da lei da pandemia, enquanto noutras paragens tem havido uma actuação mais branda e até permissiva. O artista ilustra este sentimento com a situação ocorrida entre Praia e Mindelo pela festa de S. Silvestre e agora pelo Carnaval.

“Eu estava na cidade da Praia e vi como o pessoal celebrou a passagem de ano, na chamada noite branca, até de madrugada. Já em S. Vicente as pessoas foram impedidas. Na cidade da Praia aumentaram os centros de testes de Covid-19, enquanto escasseava testes noutras ilhas. Esta é a pura realidade”, critica o artista plástico

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Boss vê a repetição da “matéria dada” agora pelo Carnaval. Lembra que vários promotores foram obrigados a cancelar os seus eventos após receberem uma nota da Delegacia de Saúde a lembrar-lhes das restrições em vigor com a resolução que prorroga a situação de calamidade até o dia 5 de março. Entretanto, prossegue, houve batucada na cidade da Praia com a presença de centenas de pessoas e na ilha do Fogo foi anunciada a Festa da Bandeirona com actuação de vários artistas por três dias consecutivos.

Segundo Boss, a carta enviada pela Delegacia de Saúde teve as suas repercussões porque acabou por obrigadar os promotores a cancelar os eventos e arcar com as despesas. “Há artistas, técnicos que vivem da música e pergunto como vão arcar com as suas despesas com a família. Amanhã passam a fazer assaltos porque não podem trabalhar e têm a polícia no encalce”, critica Boss.

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Questionado sobre o que vai acontecer logo mais às 18 horas, Boss perspectiva apenas uma concentração de pessoas trajadas e mascaradas e que depois vão percorrer o trajecto dos desfiles na cidade do Mindelo. Para minimizar a possibilidade de contágio, pede aos foliões para usarem máscaras, mas feitas de forma criativa.

A escassas horas da concentração, Boss estava esta manhã a tentar comunicar essa iniciativa à Polícia, Câmara e Delegacia de Saúde. “Fui entregar uma carta à Policia Nacional sobre esta manifestação e fui informado que a Policia não recebe essa nota. Que devo ir para a Câmara e à Delegacia de Saúde. Já entregamos a carta na Câmara a comunicar o protesto e a questão é saber como a Delegacia vai reagir, sendo ela o principal motivo deste nosso descontentamento”, comenta Boss.

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Técnica da Delegacia de Saúde nega ameaça aos operadores

A carta remetida pela Delegacia de Saúde teve como propósito, segundo uma técnica desta instituição, informar/lembrar os operadores da resolução sobre a pandemia. Segundo esta fonte, que pediu anonimato, o objectivo foi apenas fazer uma abordagem educativa e pedagógica, e não ameaçar ninguém. “Houve pessoas que disseram que impedimos o uso de músicas do Carnaval, mas isto não é verdade. Os operadores cancelaram os seus eventos porque quiseram”, diz essa técnica da Delegacia de Saúde.

Questionada se o envio dessa carta não constituia uma ameaça para as consequências para os promotores que desrespeitarem as regras, assegura que esse não foi o espírito da iniciativa. “Apenas apelamos ao cumprimento da lei e ao bom-senso. Neste momento não temos muitos casos, mas podemos voltar a ter uma explosão de infeções e ninguém tem interesse em mais um surto”, reforça.

O empresário Toi Bento confirma ter recebido essa nota e que ninguém foi directamente ameaçado pelas autoridades. Porém, na sua opinião, o envio dessa carta acabou por ter esse efeito. “Se não querem ameaçar, para quê enviar essa nota?!”, exclama.

Segundo esse gerente, enquanto um bom cidadão teve que respeitar a lei e cancelar uma série de actuações musicais no seu espaço para agradar aos muitos emigrantes em férias na cidade do Mindelo. Estas pessoas, diz, vieram curtir o Carnaval e, devido ao cancelamento do desfile, tentou fazer algo para sentirem o ambiente. Fez uma primeira actividade na sexta e no dia seguinte recebeu a notificação. Resolveu cancelar tudo para evitar consequências maiores.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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