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Vigilantes de São Vicente exigem equipamentos de protecção individual e de higiene

Os vigilantes de São Vicente querem que as empresas de segurança lhes forneça gratuitamente álcool em gel 70%, máscaras cirúrgicas descartáveis e o acesso a lavatórios com sabão para higiene das mãos. Num exclusivo Mindelinsite, estes dizem que são obrigados a trabalhar, não obstante o Estado de Emergência, e estão em contacto directo com as pessoas e, por isso, expostos a contaminação pelo novo coronavirus.

O porta-voz do grupo garante que, desde que esta epidemia eclodiu, têm vindo a solicitar às empresas de segurança equipamentos de protecção individual, sem sucesso. Lamenta igualmente o silêncio das autoridades, que fingem não ver o que está a acontecer. “Sabemos que a situação na ilha da Boa Vista e no município da Praia é mais grave, mas entendemos que, nesta altura, todos os vigilantes deveriam estar a trabalhar com EPIs. Outros colegas nossos já denunciaram esta situação, mas ninguém faz nada. Foi esta inércia que nos levou a fazer esta denuncia”, diz Heidi Ganeto.

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Este líder sindical explica que, enquanto delegado e porta-voz dos vigilantes de S. Vicente, vem sendo diariamente abordado por colegas, que exigem uma resposta sobre os pedidos destes equipamentos. No seu caso, conta, levou esta preocupação ao chefe de segurança, que expôs a questão à empresa, mas esta alegou que a protecção individual, especificamente álcool gel e máscaras, é da responsabilidade dos vigilantes. 

“Podemos até providenciar estes equipamentos, mas a nossa maior reivindicação é o acesso as casas de banho nos postos de trabalho para, pelo menos, podermos lavar as mãos, uma das principais recomendações das autoridades sanitárias. O problema é que em cerca de 80% dos postos os vigilantes não têm acesso as casas de banho, quando a lei garante higiene e segurança nos locais de trabalho”, desabafa. 

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Sobre este particular, Heidi Ganeto atribui parte da culpa a Inspecção Geral do Trabalho que, afirma, não cumpre as suas obrigações. “Os vigilantes trabalham sem as mínimas condições de higiene e segurança e esta autoridade nada faz. Não temos acesso aos WC na maioria das empresas e, nas poucas que tínhamos a chave deste espaço, os responsáveis solicitaram a sua devolução por determinação superior. Esta situação veio expor a justeza desta nossa reivindicação, que vem de há muitos anos”.

De acordo com este nosso entrevistado, neste momento há muito medo entre os colegas, sobretudo os que trabalham no atendimento das pessoas, designadamente nos portos, aeroportos, fármacias, supermercados, empresa como a Electra, de entre outros. Isto porque, dizem, está é uma doença silenciosa, ninguém sabe de onde vem e nem quando chega, e a experiência tem mostrado que ninguém está imune. 

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“Para se precaver, alguns colegas tem adquiridos máscaras, outros levam para os postos água misturado com lixívia ou vinagre. No meu caso, fui comprar um alguidar para poder lavar as mão com frequência no posto para me precaver”, revela um vigilante, que aproveita para lembrar que as suas reivindicações de melhorias salariais ainda não foram atendidas. “Já se passaram dois meses desde a nossa última acção reivindicativa nas ruas e até agora não tivemos nenhum feetback. Sabemos que neste momento todas as atenções estão concentradas no covid-19, mas é preciso referir que o nosso processo remonta a 2004, ou seja, há 16 anos.”

De lá para cá, pontua, foram várias as manifestações, greves, passeatas e concentrações, sem resultado, pelo que, quando a situação normalizar, não vão aceitar mais desculpas. “Não vamos aceitar que a nossa situação seja colocada em standby por causa dos problemas económicos. Estamos esgotados. Os vigilantes negociaram, foram pacientes, deram o seu voto de confiança, mas agora estão revoltados”, declara esta nossa fonte, que aproveita para denunciar uma situação de concorrência desleal dentro da própria Associação Nacional das Empresas de Segurança Privada (ANESP) que, a seu ver, terá de ser resolvida, sob pena de penalizar os vigilantes. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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