UCID vai confrontar Governo com acto “discrimatório” do BCV em concurso que “eliminou” técnicos residentes fora de Santiago
As deputadas Dora Oriana e Zilda Oliveira consideraram a decisão do Banco de Cabo Verde de exigir a presença física na cidade da Praia de concorrentes residentes fora da ilha de Santiago para teste presencial como um flagrante acto de discriminação. Confrontadas pelo Mindelinsite, as eleitas pela lista da UCID em S. Vicente garantiram a este jornal electrónico que o partido vai confrontar o Governo sobre esse episódio.
“Se há um concurso público, concorrentes de nenhuma ilha podem ser excluídos ou obrigados a arcar com despesas em clara desvantagem em relação a quem residente na cidade da Praia. Esta atitude é inadmissível quando hoje dispomos de tecnologias que eliminam as distâncias físicas”, comenta Dora Oriana. Para esta deputada, bastava haver vontade para o BCV fazer o teste por videoconferência.
Na passada sexta-feira, uma fonte que diz conhecer muito bem a história do BCV telefonou para o Mindelinsite e garantiu que a posição do BCV provocou uma forte indignação entre os funcionários. “O banco teve uma atitude condenável e sabe que seria bastante fácil resolver esse caso, mas faltou falta de vontade, para não dizer outra coisa. Devido a esta postura discriminatória, o BCV pode ter perdido um excelente profissional”, comenta essa fonte, que pediu anonimato.
Esta técnica bancária revelou que o BCV tem feito testes nos últimos 8 anos a concorrentes residentes fora da Capital, inclusivamente em Portugal. Logo, a seu ver, o objectivo foi eliminar essa concorrente. “E não podemos continuar a compactuar com esta atitude sistemática de se dar primazia a quem vive na cidade da Praia, como se estivéssemos a falar de um outro país”, salienta.
O caso foi relatado por uma inscrita num concurso lançado pelo BCV para recrutamento de dois técnicos que passou à segunda fase e foi confrontada com o facto de ser obrigada a arcar com as despesas de deslocação à cidade da Praia para fazer o teste presencial, agendado para a passada sexta-feira. A jovem ficou indignada e relatou essa situação ao Mindelinsite. Ela assegura que ficou excluída do concurso, porque não tinha como viajar para a Capital, e que nunca mais foi contactada pelo BCV.
Confrontado, o BCV reagiu e disse que os processos de selecção têm sido realizados de forma presencial e as despesas são por conta dos candidatos. O banco admitiu, entretanto, que, na decorrência da pandemia, foram realizadas provas à distância, na modalidade online.