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UCID pede libertação imediata de Amadeu Oliveira e defende revisão da sentença e do enquadramento legal do caso

A UCID pediu ontem a libertação imediata de Amadeu Oliveira da cadeia de Ribeirinha, assim como a revisão tanto da sentença como do enquadramento legal do caso. Os democratas-cristãos, que convocaram a imprensa para falar dos 4 anos de encarceramento do jurista e deputado, querem ver esclarecido se, efectivamente, Oliveira fez uso indevido de cargo público, neste caso de parlamentar eleito, quando viajou com o emigrante e arguido Arlindo Teixeira para França.

O referido partido defende ainda a realização de uma reforma judicial urgente – nomeadamente dos mecanismos de responsabilidade dos magistrados, transparência nos julgamentos e processos informatizados – e uma garantia constitucional da liberdade de expressão, inclusivo quando ocorrem “críticas legítimas” aos juízes. “Não pode ser crime denunciar falhas no sistema”, considera João Santos Luís, presidente da UCID.

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Segundo este também deputado, a sua força política vai assumir, quando puder, o compromisso de entregar à Assembleia Nacional uma iniciativa legislativa que impeça que a justiça seja usada como instrumento de vingança política. “O que está em questão não é apenas a liberdade de um homem, mas a integridade do Estado de Direito em Cabo Verde. Não aceitaremos que a justiça seja usada como arma política”, afirmou no contacto com os jornalistas, deixando claro que, para os democratas-cristãos, Amadeu Oliveira é um preso político.

A pena de sete anos de prisão aplicada a Oliveira em novembro de 2022 – pelos crimes de atentado ao Estado de Direito Democrático e ofensa à honra de dois juízes do STJ, além de perda de mandato como parlamentar – ultrapassa, para a UCID, âmbito judicial e envereda-se para a esfera política. “A UCID entende que se tratou de um bode expiatório, escolhido para intimidar quem ousa levantar críticas sistemáticas aos tribunais, especialmente contra a PGR e o STJ, vistos como peças fundamentais neste processo”, sublinhou.

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Durante a conferência de imprensa, Santos Luís recordou a relação entre o advogado Amadeu Oliveira e o arguido Arlindo Teixeira, um emigrante acusado de homicídio enquanto estava de férias em Santo Antão. O político lembrou que Oliveira foi nomeado defensor oficioso do acusado desde 2015 e que ficou durante 6 anos ficou a aguardar uma decisão final do seu processo, que, enfatiza, ainda sequer aconteceu. “Ou seja, já se passaram 10 anos – julho de 2015 a julho de 2025 – sem que o sistema judicial conseguisse decidir um processo tão simples, contendo um único arguido, uma única vítima, um único ferimento e um único crime”, frisou, entrando em outros detalhes do caso, que teve o seu ápice quando Oliveira decidiu viajar com Teixeira para França quando estava sujeito a prisão domiciliária, o que foi visto como um acto de auxílio à fuga pela justiça. Após regressar ao país, o causídico, que na altura era deputado da UCID, acabaria por ser detido e submetido a um conturbado processo tanto no Parlamento quanto nas barras do Tribunal.

Após ser submetido a julgamento pelo Tribunal da Relação de Barlavento, Oliveira foi condenado a sete anos de cadeia. Para a UCID, essa pena visou fundamentalmente silenciar uma voz crítica por causa das graves denúncias que fez contra juízes. O partido relembra que o jurista denunciou repetidamente atrasos judiciais seletivos, processos parados à espera apenas de pressão política e falta de transparência na tramitação dos casos e exigiu reformas estruturais. Por conta disto, segundo João Santos Luís, ele enfrentou o “silenciamento e a retaliação” por parte do poder judicial.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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