UCID critica autoridades nacionais por alegada incapacidade de tratarem as lixeiras nas ilhas
A UCID critica as autoridades nacionais por fazerem anúncios pomposos, entre os quais a de que em 2040 Cabo Verde estará a 100% de energias renováveis quando, internamente, mostra-se incapaz de tratar as lixeiras nas ilhas. Este é um tema que, reconhece António Monteiro, o seu partido tem mantido em pauta, inclusive já apresentou quer a Câmara de São Vicente, quer ao Ministério de Ambiente, soluções tecnológicas que foram ignoradas. Mas o que se vê, de Santo Antão a Brava, são problemas gravíssimos nas lixeiras.
Para este líder partidário, a razão porque a UCID tem batido nesta tecla é porque considera que não se pode continuar a brincar de “faz de conta” com as questões ambientais. “A lixeira de São Vicente manda milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera. Está a contribuir para um ambiente climático mais degradado. A UCID pede ao Governo e ao ministério do Ambiente para que deixem de queimar lixo ao céu aberto e passem a utilizar as tecnologias existentes, nomeadamente a incineração ou o plasma por forma a fazerem o tratamento adequado do lixo, evitando a contaminação e o efeito estufa, que é perigoso para a sociedade”, refere António Monteiro, realçando que há condições e tecnologia, pelo que espera que o Governo tenha bom-senso e avance para o tratamento.
Questionado sobre o impacto das lamas que são retiradas dos tanques da ETAR e despejadas na lixeira, Monteiro diz desconhecer este facto. No entanto, defende que as lamas precisam ser tratadas e, posteriormente, utilizadas como adubos. “Não conheço qual o tratamento que estão a ser feitos com estas lamas. Se forem colocadas na lixeira sem nenhum tipo de tratamento ou acondicionamento, pensamos que estará a Câmara a agir de forma errada. Mas se tiverem em consideração todas as exigências para com este tipo de elemento, estarem tranquilo. Mas, volto a dizer, não conhecemos este caso a fundo, pelo que não podemos pronunciar com propriedade.”
Quando questionado sobre o resultado do encontro com o edil para apresentar do projecto de tratamento do lixo em São Vicente, este garante que o processo não avançou. “Há mais de um ano reunimos com o presidente da CMSV e apresentamos um projecto, desenvolvido e financiado por um consorcio de engenheiros suecos. Este disse-nos que seria criado uma comissão para analisar o dossiê antes de se avançar. Mas a verdade é que a tal comissão nunca foi criada, apesar da pressão da UCID junto da CMSV e através da Comunicação Social, no sentido de despertar a sociedade para esta matéria”, lamenta.
Mas, para Monteiro, o Governo também não está interessado. Isto porque, perante o desinteresse da CMSV, o partido apresentou o projecto ao Ministério do Ambiente, que entendeu que aquele não era o caminho. Para a UCID, diz, qualquer que seja o caminho, o importante é não deixar que o planeta continue a ser bombardeado por dióxido de carbono e outros.
Constânça de Pina
