Trilha da enseada de coral inaugurada: Promotores denunciam actos de vandalismo e ameaça de destruição das placas
A trilha subaquática da enseada de coral da Lajinha foi esta manhã inaugurada, mas os promotores denunciaram durante a cerimónia que já constataram actos de vandalismo em pelo menos uma das placas instaladas há duas semanas. Segundo o biólogo Rui Freitas, pessoas estranhas moveram uma dessas estruturas do local onde devia ficar e foi levada para manutenção juntamente com outras três que meteram água dentro do quadro em acrílico. Entretanto, chegou ao conhecimento dos promotores que um surfista ameaçou quebrar todas as placas, algo que consideram inconcebível ainda mais vindo de um atleta que adora o mar.
Por conta dos acontecimentos, os promotores, segundo Freitas, decidiram prender as placas com concreto, uma solução que vai criar problemas de manutenção, mas que pode impedir que sejam retiradas por vândalos. “Este projecto surgiu há 3-4 anos, mas só no último ano é que foi intensificado. Eu e o eng. Guilherme temos um longo historial e, de 2018 a esta data, vi as visitas regulares a esta enseada e estive a pensar em potencializar esta trilha como fiz na Baia das Gatas em 2011, onde colocamos 11 placas informativas. Já tínhamos o saber-fazer, pelo que só nos restava levá-lo à prática”, diz Rui Freitas. Este biólogo marinho adianta que a construção da trilha demorou um ano e o resultado final é um trabalho de muita gente, técnicos ligados ao turismo, língua, humanística, ciências naturais…
A trilha é composta por 16 placas que contêm informações sobre as espécies marinhas presentes nessa pequena baia. Um espaço que, para Freitas, deve ser visto como um “oásis” pelos peixes desta zona costeira. Várias espécies endémicas de Cabo Verde já foram encontradas nesse berçário e, conforme o ecologista Guilherme Mascarenhas, no dia 17 deste mês teve a sorte de fotografar a décima sexta. Isto significa que, diz, das 23 espécies endémicas existentes em CV, 16 vivem nessa pequena área de apenas 35 metros, que vai do esporão da Lajinha às proximidades da Cabnave.
Entretanto, os ecologistas continuam preocupados com a saída das águas pluviais nessa área. Rui Freitas lembrou que as chuvas do ano passado provocaram danos consideráveis nessa enseada.
A cerimónia foi testemunhada pela Reitora da Universidade Técnica do Atlântico, o Capitão dos Portos de Barlavento, o assessor do ministério do Mar e o coordenador de marketing da Biosfera, entidade que financiou a trilha em quase 200 contos. Todos elogiaram a iniciativa, que consideram ser mais uma ferramenta importante para a educação ecológica e conservação da biodiversidade marinha.