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Trabalhadores dos arredores do Porto Grande fazem protesto contra o cheiro a peixe podre exalado da fábrica Atunlo

Um grupo de trabalhadores afectos aos serviços dos despachantes oficiais junto da sede da Enapor fez esta tarde um protesto contra o cheiro a peixe podre que normalmente é exalado da fábrica Atunlo, sita no cais internacional do Porto Grande. Cansados de aturar esse problema, decidiram parar o trabalho e ir demonstrar o seu descontentamento nas proximidades dessa unidade fabril, munidos de cartazes.

Segundo três funcionários entrevistados por este jornal, o cheiro tem estado tão intenso que mal conseguem respirar, quanto mais trabalhar. Na passada sexta-feira, dizem, a situação chegou a tal ponto que uma pessoa acabou por vomitar e outra foi internada numa clínica privada com tensão arterial alta.

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“Nós tivemos uma funcionária que vomitou e enviamos outro trabalhador para casa devido aos efeitos do cheiro. Além disso, eu fiquei internada numa clínica por estar com tensão alta”, informa Sandra Lima, caixa de uma empresa de despacho. Essa situação, adianta, tem estado a ter impactos tanto na saúde como na produtividade dos trabalhadores. Estes ficam de tal forma perturbados com o cheiro que mal conseguem concentrar nos seus afazeres.

O auxiliar de despachante Romário Gonçalves afirma que chega a sentir enjoo e dor-de-cabeça devido a intensidade do cheiro. “Temos estado a sofrer faz tempo. Isso afecta a nossa saúde e alguém precisa resolver esse problema. Além disso, este cheiro afecta a própria imagem da cidade do Mindelo. Entram turistas no Porto Grande e nas marinas e as pessoas não conseguem fazer o seu passeio com tranquilidade na Avenida Marginal”, frisa esse jovem, que já chegou a telefonar para a Delegacia de Saúde para expor o problema e não soube de nenhuma intervenção dessa autoridade.

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Para o auxiliar de despachante Silvério, o caso já se tornou numa questão de saúde pública. Afirma que tem colegas doentes por causa do cheiro. “Muitas vezes temos de sair dos gabinetes e andar à procura de um pouco de ar puro. Eu já senti como se fosse desmaiar”, revela Silvério.

O grupo de manifestantes espera que o caso seja resolvido o quanto antes, sob pena de apresentarem uma exposição ao ministro responsável pelo Ambiente. Deixam claro que defendem os investimentos, que não são contra a fábrica, mas querem o problema resolvido o quanto antes.

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Abordada pelo Mindelinsite, a administração da fábrica explica que o mau cheiro exalado nesses dias ocorre devido a um trabalho de renovação do sistema de tratamento das águas residuais e que visa exactamente eliminar esse incómodo. A Atunlo adianta que contratou uma empresa especializada, que implementou na semana passada um novo sistema e que deu garantias à fábrica que o problema será sanado nos próximos dias.

“Gostaríamos de pedir sinceras desculpas a todos os afectados, pois durante 2 a 3 semanas estaremos ainda a realizar os trabalhos necessários de limpeza para que possamos respirar um ar puro e limpo”, informa a direção da Atunlo, assegurando estar a fazer de tudo para que a fábrica possa operar da melhor forma e continue a beneficiar a economia de S. Vicente e a garantir o emprego das 350 famílias que dependem directamente dessa actividade.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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