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Sokols 2017: “O impacto da manifestação ultrapassa as fronteiras de São Vicente”

O líder do Sokols 2017 admitiu, numa conferência realizada na zona da Ribeirinha, atrás do Morro Branco, ter ficado satisfeito com a manifestação de 5 de julho na ilha de S. Vicente, que, nas suas palavras, ultrapassou as expectativas. Em jeito de balanço, Salvador Mascarenha, membro da direcção do movimento, afirma que o governo, apesar de não se ter manifestado publicamente, ouviu o desagrado e reivindicações feitas pela população local e na diáspora. No entanto mostra-se incrédulo que “pequenas mudanças” possam resolver a situação da ilha. 

Ja começaram com medidas avulsas como do costume. Disseram  que vão criar uma unidade anticorrupção, enfim, já é alguma coisa, mas, quando o sistema está inquinado, dificilmente pode-se altera-lo com pequenas mudanças de cosmética”, exprime Salvador Mascarenhas.

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De acordo com esta fonte, a sociedade civil está a ganhar maturidade e a tomar as rédeas do país, “já que os partidos não têm conseguido conduzi-lo de forma correta”. Como exemplo, usa a zona onde decorreu a conferência, rodeada de casas de lata, sem acesso para carros, nem eletricidade, água e rede de esgoto e com “poucas condições de habitabilidade”. “Alcatroaram a estrada para a Baía e as pessoas nem têm estrada para casa. Dão terrenos sem infra-estruturar as localidades, com isso contraem-se casa sem agua, eletricidades e redes de esgoto. Enquanto isso, os governantes gastam dinheiro do povo em coisas desnecessárias, com jipes de 6000 contos”, sublinha. 

Outro problema evidenciado na zona e o facto das crianças não terem jardins infantis perto de casa. O líder do Sokols mostra-se ainda mais categórico e afirma que, enquanto houver cabo-verdianos que não fazem todas as refeições, sem condições dignas de habitabilidade, nem acesso à saúde ou educação, o governo deve gerir os recursos em estado de contenção “e não organizar conferências ministeriais em Paris”. Esta é uma das razões apontadas por Mascarenhas pela exibição do cartão vermelho, dos cidadãos aos sucessivos governos e ao poder local.

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O Sokol 2017 mostra-se ainda aberto para se encontrar com o Primeiro-ministro, na sua próxima visita a São Vicente, mas espera que a iniciativa parta do chefe do governo. “Não vamos atrás dele, porque é o seu dever enquanto governante ir ao encontro das necessidades da população, perante uma manifestação dessa envergadura.”

As promessas de campanha são as reivindicadas para a ilha. Nomeadamente do hub marítimo, o terminal e cruzeiros, a melhoria dos transportes, o data center, entre outras.  Mascarenhas não acredita que todas essas promessas serão cumpridas e assegura que  a mudança que a ilha e o país, no geral, precisam, passa pela mudança do sistema e das pessoas que estão no poder.

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Apesar disso, os membros do Sokols, movimento que se posicionam como facilitador da manifestação, asseguram que o impacto da marcha de 5 de julho ultrapassou as fronteiras da ilha e que populações de outras ilhas do norte do país e da diáspora mostraram-se solidárias com a causa.

Sidneia Newton (Estagiária)


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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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2 Comentários

  1. Impressionante o poder de adesão ao Skolos e isso alem a liderança esta no comum das reclamações ,o Gov deve escutar e agir ao POVO

  2. Sokols e todos os que direta ou indiretamente, se envolveram na organização desse evento estão de parabéns e a todos que fisicamente e também espiritualmente participaram nessa manifestação, um bem-haja à cidadania. É assim que se constrói Cabo Verde, dialogando, reivindicando e participando na vida política do País.
    Mas, para além do calor e da euforia das manifestações é preciso pensar o país e procurar soluções para os problemas do desenvolvimento, e essa responsabilidade é das elites, de quem estudou, tem acesso ao conhecimento, à informação e ao poder, porque o povo já está cansado de ilusões e frustrações, de promessas eleitoralistas e de pobreza.

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