Sindprof afirma que anúncio de Olavo Correia sobre OGE não vai demover docentes de partirem para manifestação e greve
Os professores cabo-verdianos estão decididos a voltar à rua em peso e ainda reforçar o protesto com a realização de greves a nível nacional com o suporte de todos os sindicatos representativos da classe. A ameaça está expressa numa publicação feita pelo sindicato Sindprof no Facebook com o título “Não há outra solução senão partirmos para greves/manifestações”. Nem mesmo a informação avançada ontem pelo ministro Olavo Correia de que o Orçamento para 2024 prevê mais de 100 mil contos para resolver as pendências da classe docente vai demover os professores dessa decisão, segundo a sindicalista Lígia Herbert.
No post, o Sindicato Democrático de Professores acentua que chegou “o momento” da classe docente – a hora de irem atrás dos seus direitos e da valorização dos seus trabalhos. “Os direitos dos professores estão sonegados, portanto, não temos outra solução senão partirmos para greves/manifestações, reivindicando os direitos da classe docente bem como uma atualização da tabela salarial.”
A informação foi publicada ontem, dia em que o vice-Primeiro-ministro Olavo Correia revelou em conferência de imprensa que o Orçamento-Geral do Estado para 2024 reservou um montante superior a 100 mil contos para resolver um conjunto de situações de desnivelamento e disfunções na carreira dos docentes. Assegurou o ministro responsável pela pasta das Finanças que o Executivo vai eliminar “todas as pendências” da classe docente no próximo ano.
Esta promessa, no entanto, não vai demover os professores de partirem para uma manifestação nacional e realizar greves, segundo Lígia Herbet, presidente do Sindprof. Abordada por Mindelinsite, esta dirigente sindical deixou claro que a solução principal para os problemas dos professores passa por um acentuado aumento salarial, capaz de permitir a recuperação do poder de compra perdido nos últimos anos. A presidente do Sindprof advoga que há casos de docentes sem pendências, mas que não viram uma subida do salário em 10 e 15 anos. Reforça, aliás, que este aspecto afecta os trabalhadores da Função Pública de forma geral.
“Queremos ter em mãos o Orçamento-Geral do Estado para vermos o que foi reservado para o sector da Educação. O que significa subir mil escudos no salário de um professor? Em que medida isso vai melhorar a sua vida?! E pior é que já houve aumentos de 400 escudos. No entanto há quem ganhava 300 contos e viu o seu rendimento saltar para 500 mil escudos. Ou seja, quem mais tem, mais beneficia”, comenta essa sindicalista, deixando muito claro que as palavras de Olavo Correia não vão impedir os professores de organizarem o seu protesto.
Lígia Herbert enfatiza que a decisão partiu dos próprios professores. E, dos contactos que tem feito com docentes nas diversas ilhas, está cada dia mais ciente de que se trata de um movimento global. Até este momento, o Sindprof já abordou docentes nas ilhas de S. Nicolau, Sal e Boa Vista e recebeu total apoio para a convocação do protesto. O próximo passo, assegura Lígia Herbert, será ouvir a posição dos profissionais de S. Vicente, ilha para onde pretende deslocar-se em breve.
“Parar o país”
“Temos estabelecido contactos com os professores e estes dizem que basta marcarmos a data que estão prontos para parar o país”, revela a sindicalista, acrescentando que a data será escolhida de acordo com o calendário escolar. Logo, por enquanto, não pode avançar o dia da manifestação. Lígia Herbert faz questão de frisar que o problema dos professores ultrapassa a resolução das pendências para ser um aspecto que alcança a própria dignidade do docente.
Alega que se trata de uma classe profissional estagnada, sem poder de compra, sem promoções/progressões, sem subsídios por não redução de carga horária e com muita sobrecarga de trabalho. Adverte que o país não pode ter uma classe docente desmotivada e desvalorizada, enquanto o Governo vai dando salários chorudos e absurdos a outros dirigentes, como se a responsabilidade destes fossem maiores que a do professor. Por isso, diz, querem contar com todos os professores e pais/encarregados de educação nesta luta, independentemente da filiação sindical.