Sindep cogita mobilizar professores para uma manifestação e/ou greve em outubro se não houver reajuste salarial digno
O Sindicato Nacional dos Professores está a cogitar mobilizar os docentes de todas as ilhas para uma manifestação e/ou greve, cuja data deve ser anunciada no dia 16 de outubro, para pressionar o Ministério da Educação a zerar as suas pendências e atribuir à classe um reajuste salarial com base na inflação acumulada. A mensagem ficou patente numa conferência de imprensa dada pelo sindicalista Jailson Lopes, que pediu ao Governo para arrepiar caminho e conceda aos profissionais do Ensino uma subida dos vencimentos de acordo com a inflação. E que essa medida abranja a todos, sem excepção.
O segundo vice-presidente do Sindep considerou que chegou o momento de os professores darem um basta às “conversas fiadas” do Executivo, tendo ainda lembrado que há docentes a ganhar um salário “mísero”, que ronda os 23 contos mensais. Para ele, o mais gritante é que se está a caminhar para 2024, o que vai perfazer nove anos consecutivos sem que os professores beneficiem de reajustes salariais.
Numa comunicação a que o Mindelinsite teve acesso, o responsável do sindicato em S. Vicente realça que a luta da classe deverá ser feita com responsabilidade e seriedade, o que implica um contato direto do Sindep com os professores e o envolvimento dos profissionais de todas as ilhas. “Por isso a luta será no final deste mês. É certo que comprometemos tudo fazer para que seja uma luta forte e que pressione o Ministério da Educação e o Governo, apelando assim a todos os/as associados/associadas a um forte engajamento na sensibilização e mobilização de cada um”, frisou Nelson Cardoso. Por agora, diz, a palavra de ordem é sensibilizar os colegas para uma frente conjunta no final do mês de outubro.
Cardoso acrescenta que está a acompanhar com “muita atenção” a posição dos professores nas redes sociais e diz que a posição do Sindep é clara: se o movimento no Facebook servir para despertar consciências, sensibilizar e unir professores é de louvar; se tiver outros fins, com o aproveitamento por parte de outros, os objetivos não serão nobres e não unirá e nem fortalecerá a classe docente.
A situação dos professores ocupa neste momento a pauta política, muito por conta da abertura do ano lectivo e o facto de o ano parlamentar ter iniciado com um debate sobre o sector da Educação. De forma sucinta, o discurso da oposição na Assembleia Nacional reforça os apelos dos docentes e acentua falhas detectadas no arranque do ano escolar, como falta de programas e de manuais, turmas sem professores nalgumas disciplinas, obras ainda em curso em escolas e a propalada resolução das pendências.
Críticas que foram rebatidas por deputados do MpD e ainda pelo ministro Amadeu Cruz, que fala em medidas para consolidar o sistema educativo, no funcionamento eficaz das escolas e presença activa dos professores nas instituições. Indo em contramão ao posicionamento das bancadas do PAICV e UCID, o governante assegurou que o novo ano lectivo começou sem sobressalos, tendo ressalvado que o ME chegou a resolver pendências acumuladas de 2008 a 2015, o que totalizou cerca de 650 mil contos. E assegurou que o processo vai continuar e que será feita a revisão do Estatuto da Carreira Docente. “Vamos iniciar o processo de revisão do estatuto para podermos abordar a questão da valorização salarial e também da dignificação dos professores.”