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Sem resposta, PAICV ameaça solicitar uma CPI para aceder ao contrato assinado entre Estado de Cabo Verde, TACV e Loftleidir

O PAICV acusou o Governo de negar informações ao Parlamento sobre o contrato entre o Estado de Cabo Verde, os TACV e a Loftleidir. De acordo com a vice-presidente da bancada parlamentar tambarina, volvidos dois meses o contrato de referência ainda não foi entregue aos deputados. Por isso, segundo Carla Lima, o PAICV vai socorrer-se de todos os meios legais e regimentais ao seu dispor, incluindo a solicitação da constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para poder aceder a toda a documentação necessária.

Em conferência de imprensa proferia hoje na Capital, Carla Lima refere que, no dia 31 de julho do corrente ano, durante o debate sobre o estado da Nação, o Grupo Parlamentar do PAICV apresentou um requerimento à Mesa da Assembleia Nacional, pedindo que o Governo entregasse aos deputados o contrato assinado entre o Estado de Cabo Verde, os TACV e a Loftleidir, em março de 2021, nas vésperas das eleições legislativas.

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Apesar disso, volvidos quase dois meses, o contrato em referência ainda não foi entregue e distribuído aos deputados, o que pressupõe que o Governo não pretende cumprir uma injunção da Assembleia Nacional, órgão perante o qual é politicamente responsável. “Trata-se de uma situação anormal e muito grave por parte do Governo ao Parlamento e que viola simultaneamente a Constituição (artigo 168 -f), o Estatuto dos Deputados (artigo 23 -j) e o Regimento da Assembleia Nacional (artigo 65 -g)”, detalha.

Para Carla Lima, esta situação é recorrente porque o Governo está a tornar-se incompreensivelmente, reincidente em violação, intencional e deliberada, das Leis da República recusando, de forma reiterada, fornecer informações estratégicas ou relacionadas com dossiers sensíveis da gestão do país. Já se torna indisfarçável que o Executivo está a tentar esquivar-se e fugir da fiscalização e do controle dos seus actos, não se importando com a Constituição que quer transformar em letra morta e sem significado”, denuncia.

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Perguntas sem respostas

Por conta disso, a deputada do PAICV levanta um conjunto de questões. “Que compromissos terá o Governo assumido com a Icelandair e que não quer que os deputados tomem conhecimento? Que compromisso terá o Governo feito para a vinda do avião nas vésperas das Eleições para enganar os cabo-verdianos de que os voos da Cabo Verde Airlines iriam ser retomados? Quanto custou a encenação da vinda do avião, que afinal só serviu para influenciar os resultados eleitorais? Quais as razões do arresto do avião mesmo sabendo que o aparelho não é pertença da companhia aérea?”

Carla Lima evoca o secretismo que envolve processo que envolve o processo de privatização dos TACV em que, afirma, Cabo Verde perdeu tudo. A título de exemplo, lembra que o Governo vendeu a companhia aérea de bandeira, não recebeu um centavo, pagou milhares de contos à empresa compradora e agora foi obrigada a reverter o negócio, ficando o país com um passivo de mais de 19.8 mil milhões de escudos já em 2018. Uma situação grave que, defende, configura um atropelo sem precedentes na história da democracia.

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Exatamente por isso, o Grupo Parlamentar do PAICV vai socorrer-se de todos os meios legais e regimentais ao seu dispor, incluindo a solicitação da constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para aceder a toda a documentação e informações referentes ao processo de privatização dos TACV e levá-las ao conhecimento de todos os cabo-verdianos.

Termina dizendo que, num Estado de Direito Democrático, e em democracia, o rigor, a transparência e a prestação de contas, ao povo e às instituições, são fundamentais para se aquilatar se se está a fazer o bom uso dos recursos públicos, que afinal são de todos os cabo-verdianos.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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