Se há algo que caracteriza Mindelo, segundo Augusto Neves, é a capacidade de massagear o ego para elevar a sua autoestima
O edil Augusto Neves afirmou hoje na cerimónia de celebração dos 143 anos da cidade do Mindelo que, se há algo que caracteriza esta urbe e a diferencia de todos os outros lugares, é a sua capacidade de dar massagem ao próprio ego. Porém, segundo o autarca, há quem confunda isto com a natural e intrínseca “bazofaria mindelense” que, sendo por vezes contraproducente, na maioria dos casos é alavanca para uma “elevada autoestima”, que contribui para que projectos ousados, gente criativa e soluções inesperadas surjam quando menos se espera. “Com a mesma velocidade com que se fala da vida do vizinho na Rua de Lisboa se inventa uma ideia louca na qual só o cidadão do Mindelo acredita como viável”, assumiu o autarca.
Segundo Neves, Mindelo tem uma história de muita luta e orgulho, uma cidade que nasceu para ser importante e ter uma posição central no desenvolvimento de C. Verde. Assegurou que se está agora a louvar a honradez e coragem do povo da ilha de S. Vicente que plantou raiz nesta terra difícil, numa zona ribeirinha para transformar Mindelo numa cidade de luz, alegre, simpática, limpa e hospitaleira. Assegurou o autarca que a urbe continua a manter indicadores positivos de sustentabilidade, alcançadas pela responsabilidade social e ambiental das empresas, pelo forte incremento da educação, a saúde e preservação das suas montanhas e do seu mar. Logo, para ele, este é mais um momento importante na caminhada da cidade/ilha, cujo percurso tem apresentado muitas dificuldades, mas, assegura, não tem faltado ânimo e compromisso para se ultrapassar as barreiras e construir alternativas para a melhoria da vida dos mindelenses.
Para o ministro Abraão Vicente, Mindelo transformou-se nos últimos sete anos como nunca. “Basta ver os investimentos tantos da Câmara Municipal como os evidenciados por um programa do Governo ambicioso, que colocou Mindelo de novo na senda dos grandes projectos nacionais, reposicionando a vocação marítima da cidade”, salientou o Ministro da Cultura e do Mar, evidenciando que, se Mindelo teve uma época áurea, ela deveu-se ao mar. Para ele, Mindelo é provavelmente a única cabo-verdiana que nasceu de cara totalmente voltada para o oceano.
Apesar da sua trajectória, a urbe, na opinião do governante, continua a enfrentar os mesmos desafios, que visam restituir a importância que teve nas relações transatlânticas, como um dos pilares incontornáveis do crescimento económico e desenvolvimento sustentável. “Por isso, acrescenta Vicente, a transferência do Ministério do Mar para S. Vicente não é um acto meramente político nem tão pouco simbólico. Transformar a ilha através da zona económica especial marítima também não é uma medida apenas política, por isso a proposta foi aprovada na assembleia nacional.”
Entende Abraão Vicente que se deve fazer da cultura um produto turístico de excelência em São Vicente e que se deva adequar o Aeroporto Internacional Cesária Évora para operações nocturnas. A seu ver, a dinâmica turística e o investimento imobiliária, a quantidade e a qualidade de projectos que estão em carteira exigem isso. Daí ter lançado o desafio à ASA e à AAC para que se altere a lei para que, de facto, a prerrogativa que impede o aeroporto de Mindelo de ter operações nocturnas seja imediatamente removida por imperativo do interesse nacional.
A cidade cantada por trovadores está de parabéns, segundo Dora Pires, e o momento deve servir de reflexão sobre o futuro da “cidade magnífica”. Relembra a presidente da Assembleia Municipal que Mindelo triunfou após várias tentativas de povoamento e que houve reivindicações e manifestações quando o povo se sentiu sufocado. Tanto assim que houve até pedidos de independência da ilha do resto do país em 1900. Passado o tempo, as manifestações continuam na ilha do Monte Cara, lembra, mas de forma diferente. Pelo que é preciso hoje reflectir sobre que Mindelo se quer.
“O nosso desejo é que possamos viver a verdadeira democracia, o poder dado pelo povo”, declarou no seu discurso, deixando claro que a assembleia está disposta a trabalhar com todos, a Câmara e os funcionários, mas sem arrogância e orgulho excessivo.