PN afirma que deteve médico italiano por suspeita de falsificação de passaporte: “Presença da imagem do Presidente dos Camarões”
O médico italiano François Yves foi detido no aeroporto da Praia no dia 22 de junho por mais de 12 horas porque, conforme a Polícia Nacional, o seu passaporte continha elementos que evidenciavam indícios de falsificação. Em comunicado divulgado no Facebook em resposta a notícia “Casal italiano denuncia abuso de poder da PN no aeroporto da Praia“, a Direção de Estrangeiros e Fronteiras esclarece que o documento foi submetido a análise laboratorial e chegou à conclusão que o mesmo apresentava sinais de ser falso.
Pontua que, quando submetido o passaporte a radiação ultravioleta na sobreimpressão fluorescente, foi constata a presença de uma delimitação de cor vermelha distinta dos documentos genuínos, falta de nitidez e qualidade da fotografia e a presença de um laminado contendo a imagem do Presidente da República dos Camarões.
Para comprovar a sua versão, a DEF publicou na página da PN no Facebook imagens dos documentos do casal. Explica que tem o dever de reserva de informações de teor pessoal, mas que tomou essa decisão face a gravidade da denúncia do médico italiano na notícia publicada pelo Mindelinsite e porque o casal François Yves e Anna Marangon divulgou os seus próprios dados e fotografias.
Na imagem, que acompanha esta notícia, a DEF coloca em comparação uma fotografia do passaporte de François Yves e a de um passaporte genuíno da União Europeia e aparece no primeiro documento a tal imagem do Chefe de Estado dos Camarões sobreposta a bandeira deste país onde, refira-se, o médico italiano nasceu.
A PN assegura que a sua actuação foi motivada apenas pela suspeita de falsificação de documento e nunca por qualquer acto de racismo. Enfatiza na nota que Cabo Verde é um país plural, inclusivo, que acolhe todos os que escolhem viver e visitar o país. “A confirmá-lo, o número crescente de turistas que nos últimos anos visita o nosso país, bem como o número igualmente crescente de autorizações de residência concedidas às mais diferentes nacionalidades”, reforça a PN, que preferiu publicar a sua nota no Facebook quando o jornal Mindelinsite solicitou oficialmente uma reação da instituição à denúncia do casal italiano a quando da elaboração da notícia. O mais natural seria o jornal receber o comunicado, o que não aconteceu.
Apesar do esclarecimento, pergunta-se porquê a suspeita não foi detectada aquando da entrada de François Yves em Cabo Verde pelo aeroporto da Praia e o motivo que levou a PN a liberar a sua viagem de regresso a Europa se o passaporte apresentava tais evidências de falsificação?