
O deputado João do Carmo denunciou hoje numa intervenção no Parlamento a venda pelo Governo da sede da Polícia Judiciária na Avenida Marginal, em S. Vicente. “E vendeu o espaço à sua gente”, reforçou o parlamentar eleito pelo PAICV. Ainda no seu pronunciamento, revelou que a própria ministra da Justiça tem estado a pressionar a PJ para entregar o edifício porque o Governo quer fechar esse negócio antes das Legislativas, com medo de vir a perder as eleições.
Em alternativa, segundo essa fonte, a Judiciária será transferida para um espaço pouco digno e sem segurança, mas sem indicar onde. Uma medida que, diz, pode colocar em causa o trabalho que os inspectores têm vindo a fazer na cidade do Mindelo. Por isso pediu a colaboração de todos os deputados do círculo eleitoral para lutarem juntos e evitar a comercialização da ilha de S. Vicente
Ainda do púlpito, João do Carmo denunciou outro episódio polémico, que tem a ver com a construção de uma obra num passeio público na zona de Monte Sossego. Um caso que suscitou a revolta de moradores dessa área e que acaba de ser levado para a plenária da Assembleia Nacional. Como referiu, a situação foi despoletada pela CMSV, que resolveu permitir essa obra numa zona tida como consolidada e que deve ser a rua mais bem projectada do Mindelo.
Antes, o deputado António Monteiro trouxe à baila a situação sanitária da cidade do Mindelo relacionada com a presença de esgotos a céu aberto em vários pontos. Para esse membro da UCID, as ruas assoladas por águas negras tiram dignidade à ilha de S. Vicente. Daí apelar ao Governo para encontrar soluções capazes de permitir o aumento da capacidade da rede municipal de esgotos e combater esse problema, que poderá intensificar com o aumento de obras.
Uma delas, diz, é o hotel Sheraton na praia da Lajinha, que tem uma enorme dimensão e vai certamente pressionar os canais. “Chegamos a alertar para os problemas que podemos vir a enfrentar quando entrar em funcionamento, principalmente no troço que vai da Lajinha até a Enapor”, retocou Monteiro, que pediu ainda ao Governo para ajudar a CMSV a encontrar soluções técnicas que possibilitem o reaproveitamento das toneladas de água da ETAR da Ribeira d’Vinha. Adiantou que a estação acolhe por dia 6.000 m3 de água residual, matéria que precisa ser tratada e colocada à disposição dos agricultores de Ribeira d’Vinha e Txon d’Holanda. Monteiro pediu também a resolução da recolha e tratamento do lixo.
O debate sobre S. Vicente foi iniciado com uma intervenção da deputada Maria Trigueiros (MpD), que elencou as obras inauguradas pelo Governo nos meses de maio e julho: Data Center, Terminal de Cruzeiros, Centro de Maternidade e Pediatria do HBS, conjunto de 66 habitações no bairro social do Iraque (com perspectiva de entrega de mais 236 casas na Ribeira d’Julião, com previsão para mais 22 residências para famílias e estudantes de outras ilhas), entrega de 200 certificados a jovens formados na Escola do Mar… Salientou que mais de 2000 jovens já foram formados em 3 anos.
Intervenções que, diz Trigueiros, cumprem as promessas do governo liderado por Ulisses Correia e Silva para com S. Vicente.