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PAICV volta a pedir esclarecimentos ao Governo sobre privatização dos TACV

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O PAICV, pela voz do seu vice-presidente, voltou a pedir ao Governo , em conferencia de imprensa, esclarecimentos sobre o negócio da privatização dos TACV, mais precisamente sobre as responsabilidades, os compromissos estratégicos e o futuro que espera os cabo-verdianos, enquanto contribuintes. Rui Semedo destacou os contornos “pouco claros” e a precipitada e imponderada privatização da companhia aérea de bandeira. 

Este dirigente partidário começou por dizer que, há poucos dias, o ministro dos Transportes, foi a televisão falar um conjunto de inverdades, que deixou a situação ainda mais confusa do que já estava. Isto porque, afirmou, não disse absolutamente nada de interesse.  Ao ser questionado sobre o estacionamento dos aviões da Cabo Verde Airlines em Miami disse muita coisa, mas nada que sustentasse esta estranha decisão de retirar do país os três aviões que operavam em Cabo Verde”, frisou. 

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Para Rui Semedo, o argumento da manutenção não colhe porque, de acordo com técnicos da área, este check estruturante deveria demorar entre 15 a 20 dias para cada avião e já passou cerca de cinco meses. Aliás, alguns técnicos até dizem que um dos aviões já perdeu o certificado de navegabilidade. Também não se sustenta o argumento de ordem climática, no entender do vice-presidente do PAICV, porque Cabo Verde nunca teve problemas desse tipo com nenhum avião e muito menos a ilha do Sal e os aviões, segundo informações seguras, não se encontram em hangares.

O argumento do custo do estacionamento dos aviões também não parece sustentável porque teriam que provar que a ASA no Sal aplicaria uma tarifa mais elevada que a dos operadores em Miami”, constata, realçando que o único argumento valido é de que Icelandair queria colocar os seus aviões longe de Cabo Verde para poder negociar com o Governo em situação de vantagens e em posição de força e, como se está dizer por aqui, fazer chantagem e obrigar o Governo a claudicar, mais uma vez, neste negócio que alguns já apelidaram de negócio entre cavalo e cavaleiro.

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“Não devemos perder de vista também que esta situação de ausência de aviões, por perto, coloca aos trabalhadores maiores dificuldades na reivindicação dos seus direitos, designadamente, na indicação de bens para penhora, caso isso vier a revelar-se necessário”, acrescenta, advertindo o Governo para deixar de vender a ideia de que, em 2016, Cabo Verde não tinha nenhum avião, quando havia um Boeing e 3 ATRs a operar. 

Icelandair mandou parar boeing 

Para Rui Semedo, está claro que foi a Icelandair quem mandou parar o Boeing, nesta altura, para poder alugar os seus próprios aviões a um preço exorbitante. “É aqui que começa o grande ‘negócio da China’. Todos sabemos também que os ATRs foram retirados do circuito para entregar o mercado domestico a uma operadora em regime de monopólio”, pontua

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Para justificar esta sua posição, diz que o leasing anterior do Boeing era de 210 mil dólares por avião. Com a gestão da Icelandair saltou para 570 mil dólares, sendo que, à luz dos novos contratos, mais do que triplicou. Outra questão que tem que ser esclarecida, prossegue, é o Ministro dizer que as negociações estavam a decorrer bem e o parceiro desmenti-lo na praça pública, o que o leva a perguntar quem está a falar a verdade.

“Quando o parceiro estratégico fala em dividas antigas, está a referir a o quê concretamente?”, interroga Rui Semedo, lembrando que, no âmbito da preparação para a privatização dos TACV o Governo assumiu todas as dívidas e colocou a venda uma empresa limpa. Aliás, diz, aquando da venda dos 51%, foi o parceiro é que ficou a dever ao Estado de Cabo Verde cerca de 48 mil contos, que não se sabe se foram pagos. Por isso, exige exige explicações do Governo se, a par dos vales, há novas dívidas.

A situação é ainda mais complexa, indica este dirigente partidário, quando se sabe que a Cabo Verde Airlines também deve a ASA e aos trabalhadores. Para Semedo, este é o momento de se colocar sobre em cima da mesa e partilhar com os cabo-verdianos também os termos do Acordo para Social, alertando que, para o PAICV os transportes aéreos são de importância vital para a unificação do mercado, para a coesão territorial, para a promoção da economia e para a conectividade de Cabo Verde com o mundo.

Termina dizendo que o assunto é demasiado sério para ser negociado sem o conhecimento do povo e sem se acautelar os interesses do país.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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