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PAICV e MpD “indignados” com cancelamento do debate

Tanto o PAICV como o MpD mostram-se indignados com o cancelamento do debate na RCV e TCV por parte da Comissão Nacional das Eleições, previsto para hoje, 11, alegadamente por “ser dentro do período de campanha eleitoral” em que se deve respeitar o princípio de igualdade de tratamento a todas as candidaturas concorrentes às legislativas de 18 de abril.  Para o partido tambarina, que diz ter sido apanhado de surpresa, esta informação “inusitada e despropositada” indicia alguma “mão invisível”. Já para o MpD esta decisão não contribui para dignificar a liberdade de imprensa e a independência editorial que sempre pautou a democracia cabo-verdiana.

Num longo comunicado, o PAICV admite ter sido apanhado de surpresa por esta decisão que, afirma, choca claramente os valores e propósitos da democracia que pretendemos construir nestas ilhas. “Em todas as democracias consolidadas os debates entre os principais concorrentes são fundamentais para esclarecer os eleitores e contribuir para uma decisão consciente no momento da escolha daqueles que deverão conduzir os destinos do país”, diz, referindo as eleições de 2001 quando, por decisão do Governo do MPD, a Televisão Nacional deixou de cobrir as campanhas eleitorais, numa manobra para impedir que os cabo-verdianos tivessem acesso a informações que, ao tempo, demonstravam a dinâmica do PAICV.

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Coincidência ou não, prossegue, este cancelamento acontece no momento em que se regista, no terreno, um claro crescimento de apoio às propostas e à candidatura do PAICV, em detrimento da do MPD que, apesar dos avultados meios investidos, com ostentação que fere a dignidade das pessoas, que passam por grandes dificuldades para terem acesso a rendimentos e garantir os meios básicos para sustentar as suas famílias. “Tudo indica que o cancelamento deste debate é muito conveniente para o MPD que tenta, a todo o custo, esconder as fragilidades de Ulisses Correia e Silva em justificar o não cumprimento das suas promessas anteriores e a dificuldade de apresentar propostas refogadas e que já não convencem ninguém.”

Para o partido estrela negra, a ausência deste debate vai deixar uma grande lacuna e marcar negativamente e de forma profunda a nossa democracia, sobretudo nesta altura em que os partidos enfrentam sérias restrições nas actividades de campanha. Neste sentido, promete utilizar todos os meios para levar as suas propostas aos eleitores de forma a não permitir que a ninguém seja passado “um cheque em branco” nas próximas eleições.

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Mais sucinto e contido, o MpD diz também ter recebido com surpresa e indignação o cancelamento do debate. “A decisão da CNE que levou ao cancelamento do debate pela TCV e RTC não contribui para dignificar a liberdade de imprensa e a independência editorial que sempre pautou a nossa democracia”, lê-se no comunicado do partido ventoinha, que diz ainda ter planeado antecipadamente toda a agenda do seu candidato para permitir que os dias ontem, sábado, e hoje fossem dedicados inteiramente à preparação para este encontro que, afinal, não irá acontecer.

Ainda segundo a nota, este tempo perdido, infelizmente, não poderá ser recuperado, com o agravante de se estar na última semana de campanha e com pouca margem para deslocações e compromissos. “Defendemos que este debate deve acontecer em nome de uma maior clarificação de propostas entre as candidaturas e em honra ao bom nome da nossa democracia”, frisa.

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O MpD termina dizendo que estará sempre preparado e disponível para debater as suas propostas e promete exigir com rigor uma decisão da CNE que favoreça, em tempo hábil, a realização do debate numa nova data. Ontem, as direcções da RCV e TCV reagiram à deliberação da CNE, dizendo discordar frontalmente da sua posição que, afirmam, chegou numa altura em que, infelizmente, não deixa margem de manobra aos dois órgãos, num momento em que toda a logística já estava montada para a realização do debate. Estas deixaram ainda claro que não assumem nenhum responsabilidade pela não realização deste que seria o terceiro debate, tal como estava desenhado no Regulamento aprovado e dado a conhecer aos membros da Comissão Nacional de Eleições, no dia 9 de março passado.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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