Os deputados do PAICV por São Vicente convocaram a imprensa para denunciar “um aumento alarmante do número de óbitos entre os recém-nascidos e de idosos” no Hospital Baptista de Sousa, “sem explicação”. Josina Freitas garante que só no mês de janeiro foram registados pelo menos cinco mortes de recém-nascidos, facto que a leva a lançar um apelo no sentido de quem de direito intervir porque, diz, está-se a perder vidas e ninguém está a ser responsabilizado.
Esta eleita nacional tambarina começou a sua intervenção evocando o direito à saúde que, sustenta, está consagrado no artigo 71º da Constituição da República de Cabo Verde e também que, no seu programa do Governo, o Primeiro-ministro prometeu aos cabo-verdianos acesso universal. Mas no Hospital Baptista de Sousa, que é considerado de referência, têm-se verificado um aumento alarmante de óbitos entre os recém-nascidos, chegando a mais de cinco no mês de janeiro, “sem explicação”.
“Há cada vez mais doentes não operados por falta de material para as cirurgias e um número crescente e alarmante de idosos que têm falecido por falta de tratamentos adequados”, relata Josina Freitas, realçando ainda que, se as vidas que se consegue salvar são cada vez em menor número por falta de condições hospitalares, o quadro não melhora no tocante à prevenção.
“Se antes o tempo máximo para se fazer uma análise era de dois meses, hoje chega-se a atingir o absurdo de oito meses. É inexplicável. Não se consegue fazer citologias no hospital, um exame importante para a prevenção do cancro do colo do útero. Não há um aparelho de TAC, que foi prometido várias vezes, inclusive no Parlamento e que deveria ter chegado a 2 de janeiro de 2022.”
As críticas desta eleita tambarina, que se fez acompanhar do seu colega João do Carmo, não ficam por aqui. Segundo Josina Freitas, no tocante a gestão do pessoal de quadro, a situação também não é melhor porque, afirma, os especialistas nacionais continuam à espera de enquadramento legal. Isto porque, diz, são considerados especialistas, mas auferem salários de clínicos-gerais.
“Apesar das várias promessas, continuam a aguardar. Entretanto, os médicos estrangeiros privilegiam as clínicas privadas. Dão consultas e fazem cirurgias, desrespeitando a lei, porque isso não é legal, perante um fechar de olhos do Conselho de Administração do HBS e do Governo, que não querem ver o que está a acontecer aos olhos de todos e nem ouvir as reclamações”, assevera.
Outro ponto visado por esta deputada é a Central de Consultas, tendo em conta as muitas reclamações que, informa, inclusive suscitaram uma avaliação externa ao serviço. “Muito do que tem acontecido, designadamente a falta de acompanhamento adequado aos médicos, tem a ver com o mau funcionamento deste serviço”, acusa Josina Freitas.
Perante este panorama, interroga o Governo sobre o conceito de saúde, para concluir que existe um claro desrespeito ao direito de acesso à saúde. O mais grave, afirma, é que a actual ministra da Saúde visitou o HBS recentemente e não se encontrou com os médicos e nem com os funcionários. Limitou-se a falar com o Conselho de Administração que, como sempre, diz que está tudo bem.
Por isso, desta vez o PAICV decidiu fazer um trabalho diferente. Ao invés de reunir com a direcção do HBS, optou por falar com os utentes, ver os serviços, ouvir os médicos e demais funcionários para poder ter uma percepção da realidade. E a conclusão do partido é que o HBS está a prestar um mau serviço.