Ordem nega que C. Verde tenha excedente de médicos, com rácio de 44,6 profissionais por 10.000 habitante
A Ordem dos Médicos de Cabo Verde estranhou uma notícia divulgada na imprensa nacional, segundo a qual o país tem neste momento um excedente de médicos, com um rácio de 44,6 profissionais por 10.000 habitantes. Em comunicado, esse organismo afirma que só pode ter havido um lapso na passagem dessa informação que, segundo a OMC, deixou a classe médica “incrédula e surpreendida” pelo irrealismo dos números divulgados.
“Para conhecimento de todos, na OMC estão inscritos 772 médicos, entre os quais 68 são aposentados, e apenas 432 estão no activo dentro do Sistema Nacional de Saúde, público e privado”, revela a OMC, acentuando que os restantes são médicos residentes no exterior ou que exercem medicina em C. Verde de forma temporária.
Sem especificar os jornais que divulgaram a referida notícia, a OMC frisa que, conforme a Organização Mundial da Saúde, o rácio médico/população deve ser de 1 por 1.000 habitantes. Tendo o arquipélago uma população de cerca de 500 mil habitantes, e com apenas 432 médicos no activo, conclui a OMC que Cabo Verde não tem um excedente desses profissionais.
Destaca a referida Ordem que, dos 432 médicos no activo nos sectores público e privado, 65% não têm especialidade, quadro que, enfatiza, agrava a situação “já preocupante” do rácio de médicos especialistas por habitantes. “Continuamos a ter áreas sem especialistas e outras áreas com apenas 1 especialista, o que é manifestamente insuficiente e compromete a qualidade do serviço prestado, contribuindo para a exaustão dos médicos”, revela a OMC.
Este défice, acrescenta, tem levado a uma sobrecarga laboral significativa para os profissionais em exercício, “resultando em longas jornadas de trabalho, condições de stress extremo e, em muitos casos, exaustão física e mental”. Esta situação tem preocupado a Ordem e provocado reflexão em “inúmeras ocasiões” por parte da classe e da instituição.