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Número de apostadores nos Jogos da Cruz Vermelha cresceu cerca de 114% em relação aos últimos 25 anos, diz presidente da CVCV

Os Jogos da Cruz Vermelha de Cabo Verde, que celebraram na quinta-feira o primeiro ano na era digital, registaram um crescimento médio de 114% em relação aos últimos 25 anos (1999 a 2023). Esta é uma das muitas novidades avançadas nesta entrevista pelo Presidente Arlindo Carvalho, que destaca outros aspectos positivos do funcionamento da plataforma multicanal, nomeadamente eliminação das assimetrias entre as ilhas no que diz respeito ao fecho dos jogos e ao envio dos bilhetes de apostas para a sede. Em relação aos ganhos, há seis novos milionários no país, foi atribuído o prémio máximo de 50 milhões de escudos, mais de dez mil prêmios por semana e 195 com uma única aposta múltipla.  

Por: Constança de Pina

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Mindelinsite: Assinalou-se na quinta-feira o primeiro ano que os Jogos da Cruz Vermelha de Cabo Verde entraram na era digital, poderia nos fazer o balanço deste ano de atividade?

Arlindo Carvalho: Este ano assinala um marco significativo na nossa história, com a implementação bem-sucedida da nossa plataforma multicanal. Os resultados demonstram claramente o impacto positivo desta transição. Conseguimos eliminar as assimetrias que existiam entre as ilhas no que diz respeito ao fecho dos jogos e ao envio dos bilhetes de apostas para a sede central. Adicionalmente, resolvemos um obstáculo considerável relacionado com a logística de movimentação de navios e aeronaves, que frequentemente condicionava o normal funcionamento dos jogos. A nova plataforma permitiu-nos promover uma maior equidade na participação dos apostadores a nível nacional. Agora, qualquer pessoa adulta pode participar nos jogos a qualquer momento e de qualquer lugar do mundo.

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MI: Também ganharam mais tempo para fazerem as suas apostas…

AC: De facto, os nossos apostadores dispõem agora de muito mais tempo para realizar as suas apostas, com a conveniência de poderem jogar tanto nos canais físicos das agências como através da plataforma digital. Ambas as modalidades estão a operar com sucesso e a gerar resultados positivos.

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MI: Consegue quantificar este crescimento em números?

AC: Graças a estas facilidades, registamos um crescimento notável no número de apostadores, superando as previsões dos nossos estudos de viabilidade económica e financeira e plano de negócio. Ao comparar o valor médio das apostas anuais nos últimos 25 anos (de 1999 a 2023), verificamos um aumento de cerca de 114%. Atualmente, 88% das apostas são realizadas nas 102 agências distribuídas pelas nove ilhas habitadas, enquanto o canal digital representa 12%. Contamos já com mais de 13 mil jogadores inscritos no canal digital, provenientes das nove ilhas, da diáspora e de países como Portugal, Holanda, França, Reino Unido, Rússia, EUA, Senegal, Burundi, Itália e Espanha. 

Uma das grandes inovações deste novo sistema é a introdução das apostas múltiplas, que oferecem aos jogadores a possibilidade de ganhar múltiplos prémios com uma única aposta vencedora. Vários outros fatores foram introduzidos e contribuíram para o sucesso da plataforma. É importante referir que os cabo-verdianos demonstram um forte entendimento de que, ao participar nos jogos sociais da Cruz Vermelha, estão a contribuir para uma causa nobre: o financiamento dos projetos sociais da nossa instituição e o apoio às medidas sociais do Governo.

Estamos muito satisfeitos com os ganhos alcançados, que também beneficiam os nossos agentes e diversas empresas parceiras, tanto a nível nacional como internacional. Em um curto período, já tivemos 6 vencedores do primeiro prémio dos concursos, incluindo um que conquistou o valor máximo estabelecido por lei de 50 milhões de escudos. Semanalmente, são distribuídos cerca de dez mil prémios no âmbito das apostas. Esta nova modalidade de jogos ampliou as oportunidades de ganhos para os participantes, e a aceitação tem sido muito positiva.

Novidades em carteira

MI: E a Cruz Vermelha tem ainda outras novidades em carteira?

AC: No futuro próximo, temos o prazer de anunciar a introdução de uma nova ferramenta que permitirá aos cidadãos jogar a partir dos seus bairros através do canal de agente ambulante, associado às agências existentes. Esta opção visa facilitar o acesso aos jogos para aqueles que preferem não se deslocar às agências ou utilizar a plataforma digital. Os agentes móveis poderão receber apostas através de terminais e também terão a flexibilidade de levar o sistema de jogos a diversos locais.

Estamos também a preparar a introdução da modalidade de Apostas em Grupo, o aumento da visibilidade da Lotaria Nacional e a expansão da nossa base de jogadores para incluir a camada jovem. Além disso, estamos a trabalhar na introdução do totobola no próximo ano.

MI: Quando é que esta novidade – Agente Móvel – vai ser implementada?

AC: A implementação do Agente Móvel é uma prioridade, e prevemos que tudo esteja operacional até ao final deste ano. Os equipamentos já foram produzidos e testados com sucesso. Atualmente, estamos a finalizar a articulação com as agências e a alinhar os procedimentos operacionais e comerciais, bem como a familiarização dos agentes com os novos equipamentos.

A possibilidade de jogar em grupo é outra novidade importante. Reconhecemos que as apostas múltiplas podem requerer um montante financeiro mais elevado, e esta nova funcionalidade permitirá que vários jogadores contribuam com pequenas quantias para formar o valor necessário, partilhando os prémios de forma clara e segura em caso de vitória.

Um dos nossos desafios contínuos é o de informar cada vez mais pessoas sobre estas novidades e facilitar a experiência dos nossos apostadores. Paralelamente, continuamos a dialogar com o Governo sobre a questão dos impostos incidentes sobre os prémios, que atualmente representam um desconto de cerca de 20%, conforme previsto na lei. A Cruz Vermelha já expressou a sua posição sobre este assunto, que também gera críticas por parte dos apostadores. Esperamos que as autoridades competentes considerem estas questões e facilitem a vida dos participantes nos jogos.

50º aniversário em Cabo Verde

MI: Em relação a Cruz Vermelha, como encara e avalia a sua presença no arquipélago?

AC: No que diz respeito à presença da Cruz Vermelha em Cabo Verde, celebramos este ano o nosso 50º aniversário de atuação humanitária no arquipélago. Ao longo destas cinco décadas, integrou-se na vida das pessoas e das comunidades, sendo reconhecida como um parceiro fundamental pelas instituições do Estado, setor privado e sociedade civil. Temos contribuído significativamente para a redução do sofrimento humano nas ilhas, apoiando comunidades e desenvolvendo soluções para os problemas que afetam os cabo-verdianos. Acreditamos que a nossa presença e intervenção, especialmente em momentos de crise e intempéries, são avaliadas de forma muito positiva pela população. Conscientes de que Cabo Verde é um país em desenvolvimento com desafios sociais persistentes, a Cruz Vermelha tem direcionado os seus esforços para as pessoas mais vulneráveis, cumprindo o seu papel de instituição humanitária.

MI: Podes detalhar as áreas de atuação da Cruz Vermelha em C. Verde?

AC: As áreas de atuação da Cruz Vermelha em Cabo Verde são vastas, abrangendo saúde, cuidados, educação, combate aos efeitos da seca e das alterações climáticas, apoio à juventude, empoderamento das comunidades, direito internacional humanitário, colaboração com as forças de ordem e defesa, direitos humanos, ambiente, entre outras. O nosso mandato internacional como auxiliar dos poderes públicos no campo humanitário permite-nos estar presentes e sermos solicitados em diversas áreas, e temos procurado cumprir essa missão com dedicação e respeito pelos acordos internacionais.

MI: Como é a relação entre a Cruz Vermelha e o Estado de C. Verde? 

AC: Mantemos excelentes relações com o Estado de Cabo Verde e todas as instituições da República. A nossa colaboração ocorre tanto a nível central como local, e somos considerados um aliado e parceiro essencial. Estas relações promissoras permitem-nos contribuir para o desenvolvimento do país e criar sinergias na busca de soluções para os problemas das comunidades.

MI: Para terminar, que balanço faz da presença da Cruz Vermelha em Cabo Verde?

AC: O balanço da presença da Cruz Vermelha em Cabo Verde é, para nós, muito positivo. Acreditamos que temos cumprido a nossa missão e sido um parceiro relevante para o desenvolvimento do país, defendendo causas nobres e estando ao lado da população. Deixamos à comunidade, às autoridades e às pessoas a avaliação final do nosso trabalho, mas os resultados alcançados ao longo destes 50 anos falam por si, dando-nos motivos para sentir orgulho e satisfação por servir o desígnio da humanidade.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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