Nome de Abraão Vicente para Embaixador de C. Verde em Portugal vetado por José Maria Neves
O nome do ex-ministro Abraão Vicente foi vetado pelo Presidente da República para Embaixador de Cabo Verde em Portugal, cargo que ficou vago após a inclusão de Eurico Monteiro no actual elenco governamental. Segundo Abraão Vicente, que avançou com a notícia na sua página no Facebook, José Maria Neves negou a sua indicação ao cargo por considerar que ele se encontra “no olho do furacão político”.
“Tomo isso como um elogio. Embora essa expressão não tenha respaldo legal ou constitucional, ela tornou-se um critério político que pode ser utilizado por futuros presidentes”, comentou o ex-candidato do MpD à Câmara da Praia nas últimas eleições autárquicas.
Vicente afirma que recebeu a informação com a naturalidade de quem já havia informado ao Primeiro-Ministro que o seu nome não seria aceite. “O Presidente agiu de forma coerente com a nossa história em comum. Previsível e natural”, criticou Vicente, acentuando que a sociedade tirará as suas conclusões.
O ex-ministro da Cultura assume que sempre foi uma voz crítica, tanto antes de entrar na política como enquanto deputado da oposição no Parlamento. Relembra que fez uma declaração pública de apoio a Carlos Veiga nas presidenciais em 2021 e que, enquanto governante, defendeu limites claros nos espaços de atuação da Presidência da República sempre que as acções do Chefe de Estado impactaram as áreas sob a sua responsabilidade.
“A pergunta que se impõe é: por que razão o Presidente da República aceitaria nomear uma figura com o meu perfil para um cargo de representação internacional? Apenas pela minha competência? Certamente que não”, questiona Vicente, reforçando que esteve sempre disposto a pagar o preço por ser quem é. O nome de Abraão Vicente foi indicado pelo Governo, mas deixa claro que não tinha nenhuma expetativa pelo facto de estar ciente de que a oferta de um cargo dessa envergadura não depende apenas de quem a propõe. Em nenhum momento, diz, considerou possível a sua nomeação por conhecer bem José Maria Neves, as suas convicções e o seu modo de agir. Apesar disto, sublinha, Neves não passa a ser seu inimigo visceral ou um alvo a abater nas suas criticas.
Entretanto, A. Vicente assegurou que vai regressar ao Parlamento para cumprir o seu mandato como deputado. Garante que não haverá notícias sobre a sua indicação para qualquer cargo público ou conselho de administração.
