Neves vai desprofissionalizar vereadores da UCID e do PAICV: “Aqueles que continuam com dores de cotovelo deveriam arranjar pomada para esfregar”
O presidente da Câmara de São Vicente afirmou hoje que vai desprofissionalizar os vereadores da UCID e do PAICV e retirar-lhes os pelouros e tempos. Na visão de Augusto Neves, “dor de cotovelo” resume as reclamações destes autarcas, que têm vindo a exigir mais competências nos cargos. De acordo com o edil, a CMSV não está em crise política e nem de democracia. Está em crise de interesses pessoais por parte dos vereadores.
“Tendo em conta a situação de falta de confiança, vou ser obrigado a retirar aos vereadores que não querem trabalhar os pelouros e os tempos. São Vicente precisa de gente honesta e trabalhadora”, afirmou o edil, deixando claro que só continuarão os que querem trabalhar de acordo com as condições actuais. “Alguns vereadores enganados pensaram que iriam apanhar ´leite`. Apanharam foi ‘baziu’ porque aqui queremos pessoas que se identificam com S. Vicente e com o trabalho, para trabalhar e não para outras coisas“, constatou.
Augusto Neves compara a situação vigente na CMSV com os filmes de cowboy. “Antigamente, os filmes de cowboy só se viam no Cine Mira-Mar ou Tuta, mas agora foi generalizado”, diz Neves, para acrescentar que há uma “síndrome do presidente” que deixa as pessoas obcecadas e querendo as competências do cargo, mas que não querem trabalhar. “Isto deve ter mel. Todos querem ser presidente. Mas o meu que conheço é trabalho.”
Dirigindo-se aos vereadores da oposição – ou seja, da UCID e do PAICV – o presidente explica que a CMSV trabalha para o bem da ilha e a melhoria da qualidade de vida da população, com foco no desenvolvimento. “Já lhes tinha dito que aqueles que continuam com dores de cotovelo deveriam arranjar pomada para esfregar. Esta é uma ilha de todos que amam e não para aproveitadores. Alguns não sabem de onde vieram e nem o que pretendem”, frisa o presidente, sublinhando que, enquanto estiver no poder, a oposição terá de “aprender a trabalhar, ao invés de reivindicar”.
Quem começar a trabalhar, diz Augusto Neves em tom de ameaça, irá continuar. “Quem não veio para trabalhar, deve regressar para o seu lugar”, alegou, justificando que a CMSV não tem lugar para estes. Na sua ótica, os reivindicadores pensam que iriam resolver os seus problemas na autarquia. E vai mais além ao dizer que a CMSV é de “pessoas sérias e não fantoches e nem cobiçosos que pretendem usufruir do bem público para resolver problemas das suas vidas.”
“Querem mais pelouros, as competências do presidente ameaçando não aprovar os documentos da CM. Isto é sem-vergonhice de alguns vereadores, pelo que só nos resta pensar que vieram ‘abocanhar’ e aproveitar, pois todos têm pelouro desde dezembro de 2020, ganham mensalmente aproximadamente 100 mil escudos. Todos têm gabinetes que lhes permite trabalhar. O que querem mais?”, questiona Augusto Neves, acrescentando que aos vereadores foram distribuídos computadores, gabinetes e competências. Porém, “almejam mais por ambição e cobiça” e, por isso, agora querem mais pelouros, ameaçando desestabilizar a CMSV.
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Para o presidente, todas as condições que poderiam ser criadas foram disponibilizadas aos vereadores e ressalta que a Câmara não está à venda nem em troca. Assegura ainda que foi solicitado subsídios para o Plano de Atividades e Orçamento, mas que os vereadores não quiseram contribuir. “Ou porque não sabem, ou porque desconhecem. Disseram que só dariam subsídio em troca de mais pelouros. Estão cá há mais de seis meses e ainda não aportaram nada, só reivindicaram poderes do presidente. Pensaram que iriam arrumar as suas vidas, mas encontraram pessoas sérias”, acusa.
Neves tranquiliza a população dizendo que os trabalhos irão continuar com as competências da assembleia e da CM. Este vai ainda mais longe ao associar os vereadores aos Sokols 2017. “Uma vergonha”, sublinha, acusando os mesmos de não amar a ilha de São Vicente. “Na sequência da visita do ministro português e da Ministra das Infraestruturas ao bairro de Alto Bomba, os Sokols, possivelmente a mando destes vereadores, manifestaram-se em frente à CMSV, tentando perturbar a assinatura do protocolo entre os dois governos. Uma autêntica palhaçada tentar perturbar a atividade oficial. Esse grupo de covardes é a vergonha desta ilha.”
Em jeito de remate, o autarca diz que a candidatura ao cargo público deveria ser para mostrar à população dotes de inteligência e “expertise” mas, no caso, estes “meteram o rabo entre as pernas e esconderam-se atrás de outros partidos políticos como a UCID, fundamentalmente”. Neste sentido, o autarca questiona os vereadores sobre o que querem agora. Da Sokols e seus responsáveis, diz estar à espera do momento próprio para lhes ler a cartilha.