Neves diz que Governo agiu a tempo de socorrer SV e desafia o presidente da AN a avaliar conhecimento dos deputados sobre a realidade da ilha
Augusto Neves elogiou esta manhã a resposta do Governo ao pedido de socorro da CMSV devido a chuva do dia 6 de setembro, lançou um repto ao presidente da AN para avaliar nivel de conhecimento dos deputados sobre a realidade de S. Vicente e minimizou a ligação feita pelo PAICV entre a situação de contingência e o pedido de perda de mandato. O autarca reagia assim às declarações de deputados do PAICV e da UCID sobre a situação de contingência declarada pelo Governo três meses após a chuva que fustigou S. Vicente, o que foi visto como uma tentativa de proteger Neves do processo de perda do mandato.
O edil Augusto Neves afirmou esta manhã que o Governo agiu a tempo para socorrer S. Vicente dos danos causados pela chuva do dia 6 de setembro e lançou um repto ao presidente da Assembleia Nacional para avaliar o nível de conhecimento dos deputados sobre a realidade da ilha. Neves diz ter sérias dúvidas se os parlamentares eleitos por S. Vicente – e que criticaram a decisão do Executivo de declarar a situação de contingência – conhecem S. Vicente, apesar de ganharem para fazerem visitas ao círculo eleitoral.
“Dizer que não choveu e não houve danos e nem estradas cortadas é pura má-fé, quando saíram várias notícias sobre o impacto da chuva do dia 6 de setembro. Estradas foram danificadas, rotundas ficaram intransitáveis, famílias sem tecto…”, elenca o autarca, lembrando que foram 113 milímetros de chuva, algo que não acontecia em S. Vicente há 40 anos.
Neves assegura que saiu no meio da tempestade – “quando outras pessoas estavam deitadas no aconchego das suas camas” – para avaliar a situação e a equipa camarária começou de imediato a resolver os problemas mais urgentes. Afirma que trabalharam dia e noite, inclusive aos fins-de-semana, para desobstruir vias, fazer a limpeza das bacias, levantamento de muros, dar socorro a mais de sessenta famílias cujas casas foram invadidas pela água…
Destaca a queda de uma enorme parede na estrada da Baía das Gatas, rotundas intransitáveis, canais de drenagem entupidos, sobrecarga nos esgotos, estrada do Calhau rasgada, um poço na Ribeirinha danificado, derrube da parede da traseira da Escola Técnica e de uma ponte em Chã d’Vital … Os custos, diz, são elevados, ultrapassam a capacidade financeira da CMSV, pelo que a solução foi pedir auxílio ao Governo central.
Neves, aliás, elogia a resposta recebida do Palácio da Várzea, que, diz, enviou de imediato engenheiros para trabalharem com a autarquia no levantamento da situação. Esse trabalho, diz, demorou semanas, mas permitiu elaborar um relatório técnico que foi remetido ao Governo para apoiar a decisão ora tomada. Acrescenta o autarca que a CMSV elaborou um orçamento modesto, em torno de cinquenta mil contos, valor orçamentado pelo Estado, mas que esse montante, em abono da verdade, é insuficiente para resolver todos os problemas identificados.
Pedido para comentar a relação que o PAICV fez da situação de contingência com o processo administrativo de perda de mandato que decorre no Tribunal da Comarca de S. Vicente, Augusto Neves deixou claro que não quer falar do assunto. “Quero deixar que os tribunais trabalhem. Estou tranquilo”, disse o autarca, para quem cada um é livre em Cabo Verde de fazer a leitura que quiser desse processo. Acrescentou que a democracia chegou no dia 13 de janeiro de 1991 e que hoje cada um pode falar o que bem entender, o que seria complicado no antigo regime.
A resolução do Conselho de Ministros estabelece o período de seis meses para a situação de contingência e abre a possibilidade de o prazo ser alargado. Porém, Neves acha que não será preciso tanto tempo, visto que, para ele, é preciso agilizar a resolução dos danos deixados pela chuva em S. Vicente.