MpD e PAICV viabilizam escolha de Helena Fortes para presidir Assembleia Municipal de S. Vicente – UCID vota contra a proposta

O MpD e o PAICV viabilizaram a escolha de Helena Fortes para presidir a Mesa da Assembleia Municipal de S. Vicente, ponto que constituiu a surpresa no empossamento dos eleitos para a autarquia mindelense saídos das eleições de 1 de dezembro, acto realizado hoje na Academia Jotamonte. Quando tudo apontava para uma “conciliação estratégica” entre o PAICV e a UCID – tal como aconteceu no mandato anterior e que possibilitou a atribuição da função a Dora Oriana Pires (UCID) -, a única proposta conjunta entregue à mesa provisória para votação, conseguida após duas interrupções para acertos entre as forças políticas, indicava Helena Fortes para presidente da AMSV.
Na mesma lista, o PAICV acabaria por ficar apontado para assumir as vagas para vice-Presidente e Secretário da Mesa da Assembleia, ocupados respetivamente por Adilson Graça e Odair da Cruz. Feita a votação secreta, a proposta foi aprovada por 15 votos a favor e 6 contra.
Para espanto geral, a UCID sequer teve representação nesse importante órgão do poder autárquico, que chegou a liderar no mandato anterior, após um polémico e inédito acerto com o PAICV. Desta vez, as partes não chegaram a entendimento, apesar dos encontros mantidos entre António Monteiro e representantes do PAICV em S. Vicente.
Abordado pelo Mindelinsite, Monteiro foi categórico em assumir que os votos contra partiram dos eleitos da UCID. “O nosso partido assumiu de forma frontal que iria votar contra a proposta. Não há segredo nenhum nisso porque não temos por hábito esconder-nos atrás de cortinas de fumo”, revelou o deputado nacional.
António Monteiro assume que a pretensão da UCID era continuar a liderar a Mesa da Assembleia Municipal de S. Vicente. Justifica que o povo de S. Vicente expressou nas urnas o desejo de haver um poder político partilhado, como aconteceu no mandato anterior. “Porém, o PAICV não entendeu assim e achou melhor depositar todos os ´ovos´ no mesmo cesto, ou seja, nas mãos do MpD, que passa a mandar na Câmara e na Assembleia”, realçou esse eleito, que diz respeitar a posição do PAICV, mas discordando.

Nas negociações com o PAICV, segundo a citada fonte, a UCID tentou encontrar uma “janela de oportunidade”, que pudesse inclusivamente possibilitar a atribuição de certos pelouros ao próprio partido tambarina, mas sem sucesso. Reportando à experiência do período 2020/24, Monteiro perspectiva o mesmo posicionamento de Augusto Neves no presente mandato, agora que foi empossado. Por outras palavras, acha que Neves vai usar o extraordinário poder depositado nas suas mãos para fazer o que bem entender.
Adilson Graça, candidato do PAICV para a AMSV, admite que houve contactos com a UCID, mas revela que não foi possível chegar a “outras soluções”. “Queríamos uma Mesa mais plural, mas infelizmente não foi possível a presença da UCID. Aquilo que o PAICV fez foi tentar proteger S. Vicente e estamos disponíveis para colaborar”, disse o presidente do PAICV em S. Vicente, que fez questão de lembrar, entretanto, que o MpD foi, na verdade, o partido mais votado tanto para a CMSV como para a AMSV. A seu ver, acabaram por encontrar uma “boa solução” para a assembleia.
Nelson Faria, mandatário do PAICV nas autárquicas, reforça que o ponto de impasse foi a postura intransigente da UCID em querer ficar, a todo o custo, com a Presidência da Assembleia Municipal. “A UCID queria a presidência ou nada feito. Algo à força. A UCID não quis negociar, mas sim impor a sua vontade”, salienta Nelson Faria, para quem o PAICV optou por ter uma postura “madura e responsável” de acordo com a votação nas urnas.
Questionada se estava à espera por esse desfecho da sessão, tendo em conta a experiência do mandato anterior na escolha da liderança da Mesa, Helena Fortes assegura que sempre primou por uma postura democrática, logo estava preparada para que fossem colocadas à votação propostas múltiplas, que espelhassem a vontade popular. “Sempre dissemos que iríamos fazer uma Mesa da Assembleia com todos os partidos”, disse Lena Fortes, lembrando, entretanto, que o MpD conquistou mais de 4 mil votos sobre o segundo candidato mais votado, neste caso, a UCID. Logo, para ela, era preciso respeitar a vontade popular.
Encerrada essa primeira etapa, Helena Fortes promete trabalhar e muito por S. Vicente. Afirma que pretende fazer isso com humildade, com espírito de missão, aberta para aprender com todos porque, a seu ver, cada um dos eleitos tem o mesmo foco e prioridade: a ilha de S. Vicente.
Conforme os resultados do escrutínio, o MpD elegeu 9 deputados municipais, o PAICV 6 e a UCID 6.