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MpD acusa UCID e PAICV de tentativa de “golpe político” na AMSV

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Os eleitos municipais do MpD convocaram a imprensa no Mindelo para denunciar uma alegada tentativa de “golpe político” que, afirmam, visa perverter o sentido do voto na constituição da mesa da Assembleia Municipal. Sem brecha para negociar com a UCID ou o PAICV, sabem que é praticamente impossível que Lidia Lima seja escolhida para dirigir aquele órgão autárquico, cujo presidente é eleito por sufrágio. Por isso, pela voz de Gilliard Nascimento, estes decidiram antecipar a posse amanhã dos novos órgãos autárquicos, para apelar ao respeito ao sentido do voto popular, que deu uma maioria simples ao seu partido. Mas as perspectivas não se mostram animadoras.

Gilliard Nascimento começa por dizer que o MpD foi a força política mais votada em S. Vicente, tanto para a CM como para a AM. “É esta a realidade. É esta a vontade popular expressa nas urnas que a UCID e o PAICC, unidos, querem alterar e subverter. Inconformados com o sentido do voto popular, pretendem obter por via de uma estranha parceira de interesse aquilo que o povo não lhes deu, ou seja, o lugar de presidente da AMSV”, acusa, clarificando que em Cabo Verde vota-se em listas, encabeçadas por candidatos identificados por nomes, fotografias, presença em cartazes e que são apresentados durante a campanha. “O eleitor quando vota faz uma escolha no partido ou grupo independente, mas também no candidato que estes apresentam para o cargo de presidente da CM e da AM”, reforça. 

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No caso de SV, prossegue, os candidatos a AM são conhecidos e Lídia Lima (MpD) recebeu a maioria dos votos. Mesmo assim há uma investida para impor outro presidente através de um “golpe político”.  “A UCID e o PAICV querem ganhar na secretaria aquilo que perderam nas urnas. A ética e a decência devem ditar limites a golpistas desta estirpe que desacreditam a classe política na praça pública”, assegura, acrescentando que o MpD vai amanhã, na eleição da mesa da AMSV, propor Lídia Lima como candidata a presidente. Fará ainda uma proposta de constituição de uma mesa plural aos  partidos e grupos de cidadãos que disputaram o pleito de 25 de outubro. “Estaremos atentos e seremos acérrimos defensores da qualidade das nossas instituições, mormente daqueles que representam a diversidade na composição e direcção, como é o caso da AMSV. Que ganhe a democracia”. 

Curiosamente, Gilliard Nascimento não considera democrático a eleição do presidente da AMSV por sufrágio, ainda que legal. É que, diz, não se pode desrespeitar a vontade popular e, neste caso, está-se a criar uma maioria circunstancial para fazer um assalto à mesa da AM. “Não é democrático porque o povo não votou numa coligação UCID/PAICV. Votou MpD e escolheu Lidia Lima para presidente da AMSV. Mas uma maioria que ninguém votou e nem reconheceu nas eleições quer fazer um assalto ao poder. Não nos parece que se está a respeitar a democracia e nem a vontade dos mindelenses.”

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Confrontado com o facto de o MpD e a UCID terem feito uma coligação similar em 2016 na Assembleia Municipal, este limita a dizer que, no caso, juntaram forças para formar uma maioria absoluta, sendo que o partido ventoinha já tinha uma maioria simples. Ou seja, houve sim um acordo, mas entre o partido vencedor e o segundo mais votado, e não entre duas forças políticas derrotadas. “Desta vez não negociamos com a UCID porque não houve abertura. O seu líder está fechado no seu ego politico, inconformado com os resultados das eleições”, afirmou, recusando  no entanto a fazer referência a negociações com o PAICV. 

É neste clima tenso que os órgãos autárquicos de SV tomam posse esta terça-feira, o que reforça a tese de eleições antecipadas na ilha.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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